Hoje nós vamos continuar nosso papo sobre as três camadas do inconsciente, de acordo com a visão de Jung. Se você caiu de paraquedas aqui e não sabe do que estou falando, dá uma olhadinha no que a gente já falou sobre o inconsciente, e depois confere qual é a primeira camada do inconsciente que nós conhecemos juntos na nossa última conversa.
Bom, a segunda camada do inconsciente são esses tais de animus e anima, que são a nossa contraparte energética. Se eu sou mulher, eu tenho uma energia masculina em mim. Existe um “homem” em mim. Esse homem, diferente da sombra, já está em uma camada mais profunda do inconsciente. E o que isso significa? Significa que ele é mais independente de mim, que é muito mais difícil de controlar do que a sombra. Ele tem vida própria, tem necessidades próprias. Só que ele precisa de mim para poder expressar essas necessidades.
Onde é que vai aparecer a projeção desse homem interior? Quando eu me apaixonar. “O cara! É ele. Ele é o homem da minha vida, ele é tudo o que eu queria!” E você conhece o cara, sei lá, há cinco minutos. É uma projeção? Sim, é uma projeção. Se o cara realmente é tudo aquilo ou não, nós não sabemos, ainda vamos descobrir. Mas naquele primeiro momento é aquela coisa clássica daqueles encontros do Tinder.
O primeiro encontro pode ser uma coisa surreal de boa. Meu Deus, que perfeição! Aquela pessoa parece ser tão madura, tão bem-resolvida, tão interessante, tão profunda, tão instigante, sedutora, misteriosa. Uau! Até que você começa a conviver. Passa um mês, dois meses, três meses, e você vai percebendo que o cara tem um monte de inseguranças em relação à mãe, que ele profissionalmente está todo enrolado, que ele não lava uma cueca. E então você descobre uma série de características dele, e você fica “Não, não, não, esse não é o cara que eu vi no primeiro encontro! Esse cara aí é muito mais sem graça do que aquele que eu vi.”
O que você viu? O cara? Não! Você viu a sua idealização, a sua projeção, o seu animus. O príncipe encantado! E com os homens é a mesma coisa. Só que no caso deles, por uma questão de nomenclatura, nós chamamos essa energia de anima.
Tá, e quem é não binário? É o não binário complementar. Então isso aí não é uma questão de gênero, não é uma questão de sexualidade, são questões energéticas. Nós nos atraímos sexualmente, afetivamente, emocionalmente por essa estrutura que está lá projetada. 99,99% dos problemas de relacionamento tem dedo do animus e da anima no meio.
Tem que trabalhar com eles? Tem. “Ah, então não vou namorar. Não vou me relacionar, porque não quero treta.” Vai resolver? Não. Porque os relacionamentos são a área em que as projeções do animus e da anima são mais nítidas, mas não para por aí.
A primeira projeção do animus na mulher vem do pai. A primeira projeção da anima no homem vem da mãe. Então isso está dentro também das dinâmicas familiares, das tretas familiares. Problemas com o animus e a anima te deixam travado em tudo. Trabalho, vida pessoal, carreira, dinheiro, saúde. Não é só no relacionamento. Os relacionamentos são a escolinha em que a gente aproveita para conseguir resolver essas projeções.
Para entender melhor como esses dois aparecem sem ser nos relacionamentos, vamos pegar um exemplo. Eu sou mulher. Eu vou trabalhar, começo um emprego, e meu chefe é o todo poderoso, eu sinto uma necessidade minha, embora eu talvez não admita, de me mostrar para ele como a super profissional. Eu quero que ele me aprove, eu quero que ele goste do meu trabalho, isso é muito importante para mim.
Isso é o quê? É o meu animus. Só que não num aspecto amoroso. Ele é essa projeção do animus no sentido que essa minha figura masculina interior expressa autoridade. E aí você começa a entrar num ciclo doentio no trabalho, de ter que respeitar a pessoa, querer ser aprovada por ela. Isso vai te exaurindo, vai fazendo com que você perca a capacidade de respeitar os seus próprios limites, a trabalhar demais, a não ser você mesma. Já dá ruim. Até você entender que o chefe, o cara, é só um cara normal. Ele não é tudo isso, essa aura luminosa ao redor dele. Ele é só meu chefe. O meu animus, vou pegar aqui de volta, vou colocar aqui dentro. Essa autoridade é minha.
E aí nós temos a terceira camada. A mais difícil, a mais complexa: o Self. O Self é o nosso eu maior, a centelha divina, o eu superior.
Essa parte é muito bonita. Porque nós temos um caminho, uma jornada, que é alcançar esse Self. Ele acaba aparecendo nas projeções como a figura divina. “Não, mas pera lá, Fran, existe Deus, não existe Deus?” Isso é uma outra coisa. Para mim, se você perguntar para mim, existe. Se você for perguntar pro Jung, existe. Isso é uma questão muito interna. Mas Deus existe dentro de mim. E a minha conexão com Ele é através da minha centelha divina, através do meu Self.
E é o meu Self que começa o quê? A me puxar para a minha evolução. Quando nós estamos naqueles momentos de vida ferrados, ferrados, ferrados… Eu já tive essa experiência, algumas pessoas tiveram. Quando você está no pior, a vida acabou, aí parece que vem uma força, vem uma luz, você não sabe de onde, e te tira dali. Esse é o Self.
O que eu quero trazer para você, só para encerrar, é que todo o material do inconsciente coletivo aparece nos nossos sonhos. Os nossos sonhos são perfeitos, porque eles são como fotografias, são como mensagens secretas de como anda esse mundo de dentro.
Então a minha sombra vai aparecer lá, o meu animus, a anima vai aparecer lá, o Self vai aparecer. “Como, Fran?” Tem várias formas de aparecer, mas a mais clássica é uma figura velha. Porque ele é sábio. Então é a figura de sabedoria.
Por exemplo, eu sou mulher. Se eu sonhar com uma senhora idosa me dando um conselho no sonho, esse conselho eu tenho que levar muito a sério. Porque ele vem de uma figura muito especial.
O animus aparece como um homem, claro. A anima, pros homens, aparece como uma mulher. Eles aparecem um monte. Então, quando eu sonho que eu estou me “engraçando” com meu chefe, tem todo um clima de romance, e você acorda apavorada: “Mas pera lá, eu sou casada! O que é isso? Eu nunca tive nenhuma ideia com meu chefe como parceiro romântico, Deus me livre.” Não é isso o que o sonho está falando. O sonho está falando que tem uma projeção do seu animus no seu chefe. É isso o que teu sonho está te esfregando na cara, para você resolver aquilo logo.
E a sombra? A sombra pode aparecer nos sonhos como a figura que a gente não gosta. Você vai ver, se você não gosta de uma figura, você começa a sonhar com ela. Ou então ela aparece como uma pessoa “parecida” com você, de mesmo gênero, mesma idade, com quem está sempre rolando alguma treta.
Esse foi um breve apanhado das três camadas do inconsciente. E que seja para você ver como tem mais, muito mais!
Saber mais sobre animus e anima nos ajuda a tirar as neuras dos relacionamentos e encontrar o poder da conexão verdadeira.
Quando a gente entende isso, percebe que a dificuldade de encontrar alguém, os conflitos, as inseguranças, ou o desgaste de uma relação, tudo isso, na verdade, são dinâmicas energéticas.
E como aprender a manusear essas energias nos desafios do relacionamento a dois? Descubra agora mesmo como trabalhar essas dinâmicas energéticas do inconsciente, o que vai ampliar seu poder pessoal e permitir sua entrada em níveis energéticos mais elevados.