Hoje, na nossa sessão de descobertas, nós vamos continuar o nosso papo sobre O que é o inconsciente e aprender quais são suas três camadas. Para entender isso melhor, vamos falar também sobre projeções. Você deve ter visto essa palavra por aí, eu tenho certeza. Se ainda não viu, confere aqui o que nós já falamos sobre isso.
Recapitulando, o que é a projeção? Basicamente, é quando você pega um material interno seu e você o enxerga lá fora.
Nós, dentro de nós, somos um pouco mais complicados do que parece à primeira vista. Por exemplo, aqui dentro da Fran que vos fala tem um monte de coisa. Não tem só a Fran que a Fran “percebe”, que tem o CPF dela, o nome dela. Tem outras partes da Fran aqui dentro.
Só que pela minha educação, pelas limitações da forma como eu fui ensinada, como eu fui educada, eu não consigo perceber muitas dessas coisas que estão dentro de mim. E eu acabo projetando essas partes minhas que eu não percebo, que eu não desenvolvi de um jeito legal, em outras pessoas. Ou até em situações.
Eu vou dar um exemplo hipotético para você. Eu tenho uma colega de trabalho que me irrita muito. Eu começo a olhar para ela de manhã, quando eu chego no meu trabalho, e já começa a me dar um ranço. Aí você me pergunta: “Fran, mas por que tanto ranço contra a coitada da Fulana? O que ela te fez?” Aí eu falo para você: “Ah, diretamente ela não me fez nada. Mas, sei lá, ela é muito topetuda. Ela é muito exibida, ela se acha. Os outros começam a falar e ela interrompe todo mundo, não escuta ninguém. Não dá, aquela mulher é insuportável!”
Primeiro ponto, como eu sei que tem uma projeção em ação? Por conta do sentimento. Quando uma determinada pessoa lá fora, ou uma determinada situação, desperta em você um sentimento muito intenso, um sentimento desproporcional, é que tem uma projeção sua em ação. Você está vendo uma parte sua na Fulana. A emoção indica.
E eu vou te falar uma coisa: a grande maioria das brigas, dos desentendimentos, é por conta dessa bendita da projeção.
“Epa, pera lá. Quer dizer que tem uma parte minha projetada naquela Fulana topetuda? Então eu também sou topetuda?” Calma. Também não é exatamente por aí.
Quando nós começamos a falar de inconsciente, existem três camadas principais dentro do que nós chamamos de inconsciente coletivo. Três camadas, ou três pontos do inconsciente.
O primeiro se chama sombra.
O segundo, que é ainda mais profundo do que a sombra, e que só dá para acessar depois que você trabalhou a questão da sombra, se chama o par de deuses, animus e anima. “Pera, Fran, explica melhor isso aí.” Animus é o homem, a energia, a figura masculina que vive no interior da mulher. E anima é a mulher, a energia feminina que vive dentro do homem. Tem outra treta aí, calma, já chegamos lá.
E nós temos uma terceira instância, a camada mais profunda do inconsciente, que é o Self. O Self é o nosso eu maior. A nossa centelha divina, o nosso eu superior, a nossa meta de vida. O nosso real caminho é alcançar esse Self. Para isso, nós primeiro precisamos passar pela sombra. Aí nós precisamos ir para animus e anima. Para daí nós podermos acessar esse nosso verdadeiro eu.
Então vamos voltar para a minha colega. Estou incomodada com ela, ela está me irritando, estou “Grrrr”. O que é isso? É a minha sombra! “Fran, não entendi, explica melhor isso de sombra.” Então vamos lá!
Sombras são as partes minhas que não se desenvolveram, são as partes minhas que seriam potenciais luminosos, que dariam muita força para a minha vida, que fariam toda a diferença, se eu tivesse desenvolvido melhor.
Então, grave isso: a sombra é um potencial não vivido. E esse potencial não vivido começa a te cutucar. Por que aquele potencial não foi vivido? Porque a nossa educação é de uma ignorância absoluta! Aquele potencial fica preso em medo. Uma sensação de inferioridade, de insegurança, de você não é o suficiente.
Aí eu olho a Fulana “topetuda”. E o que é a minha sombra? A minha sombra, nesse caso, era a minha habilidade de me comunicar, de falar, de ver, de ser vista, de ser mais extrovertida. Eu não preciso ser uma topetuda grosseira, interromper as pessoas, para poder expressar esse meu lado. Eu não preciso. Eu posso usar essa sombra e trabalhá-la de uma forma saudável. Mas, claro, perceba: você está incomodada. Você, Francis, escute isso. Você está incomodada com a Fulana, porque ela está esfregando na sua cara exatamente a energia que você precisa trabalhar melhor.
Será que eu, lá no trabalho, estou falando tudo o que preciso? Eu estou dando as caras? Eu estou chamando a atenção de falar: ó, eu não concordo com isso, eu não concordo com aquilo? Ou eu estou sempre em uma posição em que eu sou a pessoa que todo mundo interrompe, que ninguém me escuta? Afinal de contas, eu também não me escuto direito.
É aí que começa o trabalho positivo com essa sombra. Você tem vergonha de falar, tem vergonha de se expor, porque você tem medo de ser rejeitada. Porque você tem medo de não ser compreendida, que as pessoas te ridicularizem. Que as pessoas te achem uma jamanta grosseira.
Percebido isso, você começa a ficar mais pertinho dessa sombra, começa a conversar com ela. E à medida em que você começa a conversar com ela, olha só que engraçado, aquela Fulana não te incomoda mais tanto. Você meio que deixa ela sendo “inconveniente” do jeito dela, tudo bem. Isso não te aborrece como antes, é muito interessante. A projeção vai desaparecendo, porque você conseguiu enxergar essa parte em você, essa parte é sua.
Essa é a questão do trabalho com a sombra. Por que aquela pessoa é tão inconveniente? Por que ela interrompe tanto os outros? Nós não sabemos. Mas existe a possibilidade que ela tenha uma sombra muito parecida. Que ela também se sente não ouvida, que ela também não se sente benquista. E aí ela acaba tendo um comportamento contrário ao meu. Ela acaba falando demais, interrompendo os outros demais. Acaba forçando muito a barra. Mas ela também está lá com o complexo de inferioridade dela fazendo todos esses comportamentos desagradáveis.
Por isso que perceber projeção é tão útil. Aí você me pergunta: “Tá, eu começo meu trabalho pela sombra, que é o mais fácil. Onde está minha sombra?” Minha filha, meu filho, é só olhar em volta. O que te incomoda? Claro, tem situações que incomodam todo mundo. A questão é a palavra desproporcional. É quando te incomoda muito, te incomoda de uma forma que a tua energia fica drenada, você fica exaurido por conta daquilo. Aí é uma projeção sua, e a partir do momento que você percebeu está na hora de trabalhar aquilo.
“Mas, Fran, volta aqui um pouquinho. Você falou de três camadas.” Certo, eu falei de três camadas. Essa primeira camada é a sombra. Teria muito para falar disso, mas agora nós só queremos colocar o panorama geral para você. E as outras duas camadas? Bom, aí já assunto para uma outra conversa nossa.
1 comentário em “Quais são as três camadas do inconsciente? O encontro com a sombra”
Amei!