Você já se perguntou por que o pensamento positivo nem sempre (ou quase nunca) funciona? Por que essas coisas estilo “O Segredo” e afins nem sempre dão certo (apesar de ter muita gente – e muito conteúdo na internet – dizendo o contrário)?
Sabe aquela coisa que sempre nos falam, de que temos que pensar positivo? Do tipo “vou ganhar mais dinheiro”, “sou feliz” etc. E aí ficamos naquela: “Tá, repeti isso 100x por dia. Por que não está funcionando?”
A questão é que os nossos pensamentos são a CONSEQUÊNCIA dos nossos padrões inconscientes. Os pensamentos não são o motor, eles são o reflexo. Nosso material interno é muito, muito mais profundo. Querer mudar os pensamentos, sem entrar mais a fundo, é que nem tentar a receita do bolo depois que ele está pronto.
Mas isso não quer dizer que os nossos pensamentos são “inúteis”. Eles são valiosas PISTAS de quais padrões estão ativos no nosso inconsciente. Como estão seus pensamentos?
“Peraí, Fran, então quer dizer que pensar positivo e repetir frases positivas realmente não adianta nada?” A resposta é: depende.
Se for um pensamento sem nenhum sentimento, nenhuma presença, ou seja, só no racional, é tão válido quanto “vou comprar maçãs”. A base desse princípio está no reino intermediário. Não é “só” um pensamento. Aquilo precisa ser vivenciado.
Vamos imaginar uma pessoa consumida pelo rancor, e essa pessoa repete para si mesma continuamente: “Estou muito feliz”. Adianta esse pensamento com o sentimento de rancor? Nem a pessoa acredita nela mesma.
Quando o assunto é reino intermediário, o reino das emoções e sensações, o trabalho é mais sutil.
Precisaríamos que essa pessoa buscasse, dentro de si, um sentimento genuíno. Nem que seja uma centelha. Pode ser de compaixão, de aceitação. Pode ser algo como “estou sinceramente em busca da minha verdade e da minha felicidade”. E vamos ver qual pensamento flui desse estado.
O que precisa é que a própria pessoa sinta como verdadeiro.
A minha única ressalva contra essa coisa de pensamento positivo é: a base é genuína, mas precisa ser compreendida. Senão fica mais um piloto automático para entrar na conta: “repita 30 vezes a coisa X”.
Agora que a gente já aprendeu que só pensar positivo pode não ter muito efeito na prática, vamos partir para o segredo que realmente funciona: abuse dos exercícios de visualização. Oi, visualização? Vou explicar.
As áreas posteriores do cérebro, o córtex visual, são evolutivamente muito mais antigas do que as áreas anteriores, ou pré-frontais, responsáveis pelo pensamento abstrato. Como as áreas visuais tiveram milhões de anos a mais para se desenvolverem, sua eficiência energética é infinitamente superior.
Parece incrível, mas é verdade: mesmo que imagens envolvam exponencialmente muito mais bits de informação, elas são fáceis pro cérebro.
Repare: você pode ficar meia hora fantasiando sobre os detalhes de uma viagem para Paris numa boa, mas ficar cinco minutos tentando memorizar toda a lista de mercado vai te deixar mentalmente exausto.
Outro exemplo: você consegue memorizar muito mais fácil um rosto vendo-o do que ouvindo uma longa descrição: face triangular, nariz afilado, olhos castanhos etc.
A moral da história é: quando você quer que o seu cérebro apreenda um conceito, tente transformá-lo em imagens. Se você quer aliviar o estresse e melhorar o estado emocional, bem mais útil do que ficar se repetindo “relaxe”, “fique calmo”, é visualizar algo que te traga paz (uma praia paradisíaca, a água cristalina, um campo florido e verdejante… hummm!).
E agora a cereja do bolo: quando desejamos algo da vida, esse algo precisa estar presente de alguma forma na sua estrutura cerebral. O cérebro não tem como trabalhar em cima daquilo que ele não conhece. Esse é o poder da imaginação.
Melhor do que ficar repetindo “quero ganhar dinheiro”, por exemplo (que na prática só vai te deixar ansioso), crie imagens do que você gostaria de ver acontecendo. Pratique: deixe-as o mais nítidas possível, e vivencie as sensações emocionais que essas imagens te evocam.
Se você já acompanha a gente aqui há algum tempo, deve ter percebido que isso se assemelha muito com os princípios da… imaginação ativa! A gente já falou sobre ela nesse texto.
Mas atenção: da mesma forma que imagens positivas têm grande poder emocional, as negativas idem. A maior parte do nosso medo e da nossa ansiedade são provenientes de imagens mentais de aflição (você morando debaixo da ponte, você passando vexame etc).
Fique de olho, e se dedique a modificá-las sempre que perceber uma delas em ação. Você vai ver a diferença!