Ao longo dos últimos textos, temos percebido a importância de estudar e conhecer os deuses e as deusas. E quando a gente fala sobre esse assunto pode surgir uma dúvida muito pertinente:
Será que classificar as pessoas nessas categorias não acaba reduzindo-as? Por exemplo, sou um determinado deus e não posso mudar?
Pois bem, não precisa se preocupar. Deuses e deusas são caminhos simbólicos. Não é uma classificação da pessoa, mas das energias que atuam na pessoa. E essa energia segue determinados padrões.
Quando conhecemos esses padrões, podemos escolher como lidar com eles.
Para explicar melhor isso na prática, vou dar um exemplo, o meu.
Conheci as deusas numa das fases mais difíceis da minha vida, o puerpério. Me sentia presa, sem identidade, os sentimentos e a vida estavam uma bagunça. Comecei a ler sobre esse conteúdo e a entender o que estava acontecendo comigo.
A Ártemis em mim sofria, porque queria ser livre. E com tantas tarefas da maternidade, não estava dando.
A Athena sofria, porque eu fiquei longe dos estudos, de me sentir alguém aprendendo, crescendo. Eu me sentia, no máximo, mal sobrevivendo.
E uma deusa que até então eu nunca tinha considerado muito importante, apareceu com força. Deméter.
A maternidade dá força para Deméter. E com isso também fortalece suas sombras.
Eu me sentia incapaz de dizer não a qualquer pessoa que fosse. Me preocupava intensamente com todos, e não comigo. Me sentia culpada sempre que fazia qualquer coisa por “mim mesma”.
Sem exagero, descobrir sobre as deusas me salvou. Eu estava afundando. Aí eu entendi que eram forças em mim, e eu precisava tirar o melhor delas.
Minha Ártemis concordou em dar um prazo. Também fizemos outros acordos: minha filha seria cuidada por muitas pessoas. Eu a deixaria livre.
E aprendi devagar, bem devagar, a abraçar minha Deméter. A sua insuficiência, aquela coisa de “não sou boa mãe”, foi diminuindo.
Ela ainda dá as caras de vez em quando: “Putz, mergulhei no trabalho e esqueci totalmente do jantar da Sassá (eu não janto). Uma boa mãe não faria isso.”
Nessas horas, eu converso com ela: “Calma, Deméter. Está tudo bem. Tem uns congelados de segurança no freezer para isso. Tem delivery de comida, em 30 minutos tem uma sopinha esperta aqui na nossa casa.”
E claro que, além de ter ME salvado, perceber os deuses ao meu redor ajuda muito no dia a dia.
Minha mãe e minha filha têm muito de Ártemis, então elas imediatamente se conectaram. Eu já sugiro que elas vão para um parque, façam aventuras juntas, porque sei que isso vai fortalecer a conexão.
Também sei que meu marido é bem Hermes, e, como tal, odeia palpites enquanto está dirigindo. Dizer “vá por aqui” é comprar uma briga. Aí eu guardo minha Athena na bolsa e puxo minha Héstia: “Confio em você, só vou aproveitar o passeio.”
Pronto, a energia já muda. O Hermes dele e a minha Héstia são a nossa melhor versão.
Quando a gente passa a observar essas dinâmicas na prática, consegue entender melhor: deusas e deuses são energias. Ou melhor dizendo, são padrões.
Da mesma forma que temos padrões na cor dos olhos, teremos padrões de comportamento – que foram chamados pelos antigos de deuses.
Então, quando “classificamos” uma pessoa como determinado deus ou deusa, não estamos reduzindo-a. Estamos, na verdade, entendendo os padrões inconscientes que atuam na pessoa. E a partir daí podemos direcionar melhor essas energias.
Conhecendo as deusas nós entendemos, por exemplo, por que algumas mulheres têm mais tendência a ter síndrome de impostora do que outras e não conseguem progredir na vida, estão sempre se sabotando.
Ou por que algumas mulheres se sentem tão carentes e inseguras quando não estão em uma relação. Ou ainda aquelas que sempre se privam de algo para poder dar ao outro.
Esses são sinais de deusas na sombra.
Na sombra, o arquétipo fica ainda mais forte. E conduz ainda mais nossas escolhas (e pior, inconscientemente).
Quando nós temos esse insight, começamos a entender que certos problemas não têm nada a ver com o chefe, com o marido, com a mãe… É uma questão interna nossa.
E a partir dessa compreensão podemos trabalhar e lidar melhor com essas situações difíceis.
Depois que a gente percebe que deuses e deusas são padrões e que cada um deles tem seu caminho arquetípico de crescimento, a gente consegue manejar essas energias, curando suas sombras e despertando seus pontos fortes.
Pontos fortes que já existem dentro de nós. Eles só precisam de um empurrãozinho para se mostrarem em toda sua glória, e assim podermos vivenciar o aspecto mais luminoso dos nossos deuses e deusas.
Agora que você já sabe que existem padrões ocultos do seu inconsciente que estão te inspirando ou bloqueando aspectos da sua vida, chegou a hora de saber que padrões são esses que estão em ação! Qual deus/a está dando as caras por aí?