Na Internet tem muita coisa sobre arquétipos: arquétipos de marca, arquétipos para atrair fortuna, poder, um grande amor…
Mas, afinal de contas, o que são arquétipos? Arquétipos são padrões inconscientes que todos nós temos e que influenciam nossas atitudes sem nem mesmo nos darmos conta, guiando nossas escolhas e preferências na vida.
E eu considero a mitologia grega perfeita para explicar essas forças psíquicas inconscientes.
Primeiro porque não é (mais) uma religião. Segundo porque os gregos tiveram um cuidado muito interessante: a obsessão em registrar todos os mitos que caíram na mão deles.
Praticamente todos os outros sistemas de conhecimento mitológico eram de transmissão oral (afinal, são sagrados), o que limita muito nosso acesso a eles hoje em dia.
Muito dessa transmissão oral se perdeu nos últimos séculos de ignorância.
Além disso, tem mais uma coisa: MUITO (na verdade, a maior parte) da mitologia grega não é grega. É, na verdade, mais antiga. Eles foram registrando, incorporando, pois tinham um respeito absurdo pelos mitos.
E quando eu falo de deuses e deusas, recebo muitas perguntas do tipo: “Me identifiquei com várias deusas, sinto que tenho um pouco de cada. Podemos ter mais de uma deusa? Como identificar a principal?”
Muito boa essa pergunta. Podemos sim ter mais de uma deusa, a tendência é termos ao menos três deusas principais. Quanto mais deusas uma pessoa tiver, melhor é o equilíbrio.
Lembre-se, se há uma única deusa dominando em todas as áreas da vida da mulher, as sombras aumentam proporcionalmente.
Na prática, temos deusas mais fortes e mais fracas. Algumas podem estar esquecidas, outras expressando toda sua potência. O que eu mais gosto desse material é que podemos conversar com nossas deusas, curá-las, receber sua proteção e conselho.
E conhecer os caminhos específicos de autoconhecimento de cada uma delas.
O que isso significa? Que você pode ter uma deusa mais forte em uma determinada área da vida. Pode ser Athena no trabalho, e Deméter com a família. E, claro, isso vai mudando ao longo da vida. Essa é a beleza da coisa.
Mas sim, sempre teremos uma deusa que é “de alma”. Uma que o mundo não favoreceu, e que, ao descobrirmos e nos conectarmos com ela, a vida floresce e ganha sentido.
E como identificar a deusa mais presente em nós?
Existem duas formas principais de você perceber um determinado deus/deusa atuando predominantemente em você: uma, quando você se emociona ao ler sobre ele. Mais do que se identificar, é como se fosse uma flechada no peito, aquilo ressoa.
A outra é mais sutil. Você pode se reconhecer um pouco com cada arquétipo, e isso é super saudável. Situações diferentes podem evocar arquétipos diferentes em você. Mas…
Você vai perceber o arquétipo que “manda”, o mais forte em você, na hora das decisões difíceis.
Você fez o quiz das deusas e dos deuses, leu o ebook e se encontrou em várias deusas, sente que tem um pouco de cada. Agora, para identificar sua deusa dominante, você vai pensar nos momentos de tomar decisões importantes na vida.
Quando você vê, está metida num romance com um cara casado. Olá, essa é Afrodite. Na hora da crise, acaba cedendo e não consegue falar não. Prazer, Deméter.
Outro exemplo: você deixa sua filha na escola. Ela chora, aos prantos, quer a mãe de volta. Será que você segue seu caminho, e deixa que as professoras a consolem? Pensa que ela ficará bem, que isso é bom para a autonomia dela e para a sua?
Essa é Ártemis.
Ou então você volta, porque seu coração não aguenta deixá-la desamparada, ela precisa de você?
Essa é Deméter.
Fique de olho nisso, é muito revelador. Olhe os seus momentos difíceis, suas sombras, seus momentos de fraqueza. É lá que você encontra o arquétipo que mais está exercendo força (e o pior, mais força INCONSCIENTE).
Vejamos, você acabou gastando muito mais do que planejava, em itens “supérfluos”? Como está sua Afrodite?
Você não conseguiu dizer não, mesmo quando precisava? Como vai sua Deméter?
É onde o calo mais aperta na hora das decisões que sua deusa principal se revela. E conhecer a sombra de cada deusa ajuda muito nesses momentos. Porque é aí que a gente percebe as nossas sombras dando as caras.
Por exemplo, vejamos Deméter: a forma desse arquétipo agir com o que não consegue lidar é com a dor. Deixar o filho na escola DÓI. Choramos, pranteamos, nos rasgamos por dentro. Aquilo parece descomunal, insuportável.
Veja que isso é a forma do ARQUÉTIPO agir. Não tem nada a ver com a maternidade em si. Se Deméter está num relacionamento e o cara quer terminar, ela reage com DOR. Chora, se parte.
No trabalho, ela também lidará com as coisas como se fossem “filhos”. Perder um projeto despertará a mesma reação. Deméter tem dificuldade em perceber os limites. Ela se doa, e continua não parecendo o suficiente.
Então, quando ela se doa no trabalho, se doa na maternidade, se doa com os familiares ou amigos, ela se sente esgotada. Insuficiente. E isso pode vir como dor física. De todos, é o arquétipo que mais somatiza.
Por outro lado, se o cara termina com uma Ártemis, ela pode reagir com fúria: “Como esse desgraçado se atreve?” Já Deméter reage com dor: “Por que você fez isso comigo?”
É esse tipo de insight que é importantíssimo, porque na sombra o arquétipo fica ainda mais forte, conduz ainda mais suas escolhas.
Por isso é tão importante nós conhecermos as deusas: cada deusa tem desafios específicos, dores específicas, e entender esses desafios nos ajuda a compreender porque agimos de uma determinada forma diante das situações da vida.
A partir dessa tomada de consciência nós podemos escolher romper ciclos de sofrimento que até então eram inconscientes, uma vez que agora conseguimos enxergar o que antes estava oculto.
Agora que você já sabe que existem padrões ocultos do seu inconsciente que podem te inspirar ou bloquear aspectos da sua vida, chegou a hora de saber que padrões são esses que estão em ação.
Preparei um super quiz para te ajudar a descobrir qual deus/a está dando as caras por aí.