Como cada deusa lida com o dinheiro? (Parte 2)

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Outro dia, estávamos conversando sobre como cada deusa lida com as finanças, uma ótima forma de se conhecer melhor para curar padrões destrutivos e despertar aspectos positivos na relação com o dinheiro.

Mas ficaram faltando duas deusas: Perséfone e Hera. É hora de descobrir como é a relação desses dois arquétipos com as posses.

Perséfone tem uma relação particular com dinheiro. Aqui a questão não é tanto gerar renda (como Athena) ou gastar (como Afrodite). Mas de ONDE o dinheiro vem.

Como Perséfone é uma rainha, ela está muito ligada ao poder. E aí ela precisa MUITO ganhar seu próprio dinheiro.

Porque para essa mulher, de forma inconsciente, dinheiro simboliza poder. Quem tiver o dinheiro terá o poder sobre ela. Se são os pais, eles que mandam. Se é o companheiro, ele que detém o poder.

Isso a enlouquece, e Perséfone na sua versão doida não é algo muito bom. Não é nada bom, na verdade. Ela deprime forte, surta, empaca na vida.

Justamente pelo dinheiro ser tão importante para Persê, ela tem uma dificuldade peculiar em gerá-lo.

É a terapeuta talentosa que não sabe cobrar nem fazer clientela, é a dona da lojinha holística que está sempre quebrada. Na hora de fazerem seu negócio, ou seu trabalho, elas empacam.

Justamente porque dinheiro, para esse arquétipo, é poder. Se ela não se sente poderosa, não assume o aspecto mais sagrado do arquétipo, ela não se sente digna do dinheiro.

Ou seja, o negócio é trabalhar primeiro dentro, para depois enriquecer fora.

É diferente de Athena, para quem tanto faz de onde o dinheiro vem. O marido ganha X, ok. Ela pega esse valor e triplica. A Athena raiz sabe que o marido só ganha tanto por causa dela, e se sente plenamente dona daquilo. Isso também vale para heranças etc.

E Hera, como ela lida com o dinheiro? Hera é o oposto de Perséfone em muitas coisas. A primeira é rainha do Olimpo, a segunda é rainha do submundo.

Pela sua autoridade natural, Hera tende a se sair bem nos ambientes de trabalho. Ela é do tipo que exerce influência. Quando ela fala, os outros (querendo ou não) prestam atenção.

Uma Hera feliz é uma líder potente, e uma Hera mal-humorada contamina todo o ambiente. Observe, só observe: aquela colega que consegue deixar todo mundo deprê com uma carranca certamente é uma Hera.

Mas, voltando, mesmo tendo boas ferramentas e potencial para crescer profissionalmente, ganhar bem não a enche de tesão. O maior tesão está em ser provida.

Para Hera, ser provida financeiramente pelo parceiro é uma segurança, quase uma demonstração de amor. Ela se sente protegida, amada. Ao contrário de Persê, que se sente controlada.

Você encontrará Heras dizendo “mas um dia eu quero poder ser mãe. Quero ficar tranquila. Não quero essa rotina insana de trabalho para sempre”.

O arquétipo está nas sutilezas.

Lembro de um casal de grandes amigos, os dois médicos bem-sucedidos. Quem olhasse de fora poderia pensar que eles eram um Apolo e uma Athena. Mas quando vieram as crianças, uma atrás da outra, ela foi reduzindo a jornada de trabalho dela. Cada vez mais. E ele foi aumentando a dele.

Daí um dia eu perguntei para ela: “Mas você, com mestrado e doutorado, não se incomoda de não estar mais trabalhando?” E ela me disse: “Sabe que pela primeira vez na vida eu me sinto em paz? Sem aquela correria? E o nosso casamento nunca esteve tão bem.”

E continuou: “Ele se sente bem sendo o provedor, e eu me sinto bem com ele cuidando de nós. As brigas pararam. Eu estou feliz.”

Esse foi o caso de uma Athena que deu espaço para uma Hera até então na sombra. Ele era um Apolo que deu espaço para um Poseidon. Eles encontraram um novo equilíbrio na relação, melhor que o anterior.

Mas nem sempre é tão simples assim.

Tive uma paciente que tinha Hera e Perséfone em iguais proporções.

A Hera que vivia nela queria que o marido a provesse. Afinal, era “função” dele. Desde nova, ela era muito Hera, e acabou se casando cedo com um cara que se enquadrava nisso, provedor e tudo mais.

A Perséfone nela acabou se desenvolvendo mais tarde. E isso gerou um conflito: ela ficava louca de depender financeiramente do marido.

Como as duas deusas estavam em pé de igualdade e em plena guerra, ela acabava ambivalente e se contradizendo.

Ora ela se enfurecia com o marido sendo controlador, e queria se separar. Ora ela se sentia segura, e queria ficar assim. O próprio marido uma hora perguntou: “Mas o que você quer?”

Foi um trabalhinho colocar as duas deusas para conversar.

Quando não conseguimos tomar uma decisão e ficamos ambivalentes, há dois arquétipos em guerra. Apenas observe. É revelador.

Você vai encontrar Hera por trás de um outro tipo de comentário: se o parceiro tem uma renda muito menor do que ela, ou não tem renda alguma (está desempregado, é estudante etc), ela perde a admiração. Perde o tesão.

Para Hera, o padrão de vida tem a ver com status. É uma segurança para ela, que Hera precisa de forma quase visceral. É um pouco diferente de Afrodite, que quer ter dinheiro para poder gastar.

No Casamento às Cegas teve uma cena exatamente assim.

Uma das participantes no início do reality parecia uma Afrodite com Athena. Ela tem seu trabalho, ganha seu dinheiro, é super independente.

Mas ao longo do programa seu lado Hera foi aparecendo. Eu até me assustei de ver como era forte nela. Quando teve toda uma coisa de ela se adaptar à cultura nigeriana mega tradicional do pretendente, eu pensei: “Pronto, ela vai sair correndo”.

Só que ela ficou. Hera falou mais alto que Athena.

Onde eu senti que doeu mais para os dois foi o fato do rapaz começar um programa universitário, em outra cidade, vivendo só de bolsa, por dois anos.

A Athena dela até disse: “Ok, ele está indo para estudar. Isso garante um futuro melhor e tal. Beleza.”

Mas a Hera, que até então estava quietinha, explodiu: “Eu sou uma mulher cara. Só meu cabelo custa 500 dólares. Tenho meu personal trainer, meu quiroprata. O mínimo que eu espero é que você (mesmo morando em outra cidade e sendo um estudante ferrado) pague metade do meu aluguel”.

Mais importante do que definir “que deusa sou eu”, afinal você certamente está se enxergando em muitas delas, é perceber ONDE essa deusa está dando as caras.

Se você percebe a deusa e o que ela está tentando dizer, é mais fácil conversar com ela e evitar os danos. São justamente os deuses ignorados que criam os problemas e nos colocam em conflito.

Naquele momento que a participante falou a questão do aluguel, o cara se retraiu. Foi visível.

Ele, que estava procurando uma Athena para seu Apolo, ficou meio “que lado dela é esse? Quem é essa mulher?”.

Eu, pessoalmente, a entendi perfeitamente. O que pegou foi o jeito que aquilo surgiu. Meio irrompendo, de repente. Uma deusa na sombra faz isso: quando você vê, ela já está lá, dando patadas.

Agora que você já sabe como cada deusa lida com o dinheiro, é hora de conferir: qual deusa está dando as caras por aí? Ela está na sombra ou está em equilíbrio?

Para te ajudar a descobrir a sua deusa interior, preparei um super quiz para você. Vem descobrir qual deusa habita em você!

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