Como esse papo de deusas pode nos ajudar a recuperar nosso poder? E com isso melhorar os relacionamentos, mudar padrões indesejados, se arriscar numa nova carreira, sair da casa dos pais etc?
Para começar, temos sete arquétipos, sete energias femininas principais que se expressam na mulher.
Somos uma “combinaçãozinha” única desses arquétipos, que aqui são representados pelas deusas gregas Ártemis, Atena, Héstia, Hera, Deméter, Afrodite e Perséfone.
Saber “qual deusa sou eu” nos ajuda a entender nossas deusas mais fortes (e, portanto, seus potenciais naturais que podem ser melhor aproveitados). E também onde está a “ferida” das nossas deusas, aquelas que precisamos trabalhar.
Eu parto do pressuposto que temos todas as deusas. E cada uma delas foi ferida de forma específica, e desconectada de sua própria fonte de energia de forma específica.
É assim que Ártemis foi privada de saber ouvir seu coração; Atena, da genialidade da sua mente; Héstia, do seu centro; Hera, do seu poder pessoal, e assim vai.
Por isso, precisamos acompanhar as deusas, descobrir quais são as sombras de cada uma, qual a sua raiz, como agem e qual é o caminho simbólico que o inconsciente oferece para transformá-las.
E, em seguida, acessar o sagrado, a expressão verdadeira de cada arquétipo.
Mas o que é a “sombra” de uma deusa?
É quando a força daquele arquétipo se encontra ausente em nós. Só conseguimos sentir sua falta.
Por exemplo, se Afrodite é a conexão da mulher com seu corpo e sua sexualidade, na sombra dessa deusa nós nos sentimos feias, sem atrativos. Aquela coisa de “será que sou bonita? Não me sinto bonita. Preciso perder uns quilinhos. Será que ele me acha atraente?”.
Rejeitamos o nosso corpo e o agredimos (pode ser compulsão alimentar, distúrbios de imagem corporal etc). Não encontramos nossa libido, nem prazer sexual.
Ou então são sintomas. No caso de Afrodite, os sintomas vão aparecer especialmente no sistema reprodutor, como cólicas, candidíase, endometriose, e assim vai.
Já com Atena, uma das suas sombras é a coisa de sempre estar se provando, aquilo de “preciso mostrar que sou boa, capaz, inteligente etc etc”.
Agora, de onde veio essa sombra? Essa é a pergunta mais importante.
Essa foi a forma do patriarcado tirar o poder da mulher. Distorcer os mitos originais sobre o despertar do feminino. Deixar a mulher ignorante sobre si mesma.
Porque veja, mitos são norteadores da consciência. E o patriarcado sabe disso.
A consciência original do feminino foi fragmentada nessas sete deusas. E cada deusa teve seu poder distorcido e enterrado. Só podemos perceber a sua falta. É essa a sombra.
Voltando para o exemplo de Afrodite, a forma que o patriarcado fez para nos desconectar dela foi nos ensinar que o nosso corpo é um objeto. Ele não é sagrado. Pelo contrário, ele é motivo de rejeição e vergonha.
Nos ensinando a odiar nossos corpos, pronto, perdemos nossa conexão com Afrodite. E, sem ela, ficamos enfraquecidas.
Com cada deusa, o patriarcado providenciou uma forma diferente de não nos conectarmos com elas. É por isso que precisamos reencontrar e integrar uma a uma. Para recuperarmos esse poder.
Isso é absolutamente essencial.
E isso não atinge somente as mulheres. Homens também têm energia feminina dentro de si, e também vivenciam esse desequilíbrio. Eles se sentem fracos, incompletos, mas não sabem dizer onde está o problema.
Esse é um lado da moeda, quando a deusa está “em falta”. Mas e quando temos uma deusa “em excesso”? Ainda usando Afrodite como exemplo, como interpretar uma Afrodite descontrolada para ser notada, desejada?
Bom, aí que tá, todo excesso vem de uma falta, né?
Excesso de procedimentos estéticos, excesso de “cuidados” pessoais etc, tudo isso pode ser uma Afrodite em desequilíbrio. Mas veja que é difícil mensurar excesso. O que para você é normal, para mim pode ser muito.
Então vamos considerar excesso quando há uma tentativa angustiada de compensar algo.
E aí a gente entende que equilíbrio é mais difícil de encontrar do que a dobradinha ausência/excesso.
Para ver como isso é sério, teve uma vez, na época que eu trabalhava em hospital, que fui chamada para avaliar uma moça de 18 anos, com complicações neurológicas de um pós-operatório de prótese de glúteo.
Quando eu expliquei para ela que provavelmente a prótese precisaria ser removida, ela se desesperou: “Mas foi um sacrifício tão grande para ficar bonita!”.
Talvez você pense que esse é um caso extremo, mas isso atinge a todos nós, em maior ou menor grau. Com o desequilíbrio do nosso poder, começamos a adoecer.
E o que definiríamos como equilíbrio? O sentir-se bem.
Em algumas culturas isso é mais complicado que em outras. O Brasil não é recordista mundial de cirurgias plásticas à toa.
Por isso é tão importante compreender as dinâmicas do inconsciente, conhecer deuses e deusas. Isso não é frescura, não é “irrelevante”.
Afinal, todos têm deusas e deuses em si, mesmo que não se dê conta deles. E quando a gente descobre como usar esses conhecimentos na vida prática, a gente passa a lidar melhor com os desafios da vida e com as pessoas ao nosso redor.
Seu chefe é um Zeus, que precisa exercer um autoritarismo, um controle? Sua mãe é uma Deméter que precisa cuidar de todos e fica ressentida se você não der um reforço amoroso de volta? Seu filho é um Ares que vive “dando trabalho” na escola?
Quando você adquire esse olhar, você já entende a melhor forma de se comunicar com aquela energia e trabalha os desafios que aparecem no caminho.
1 comentário em “Por que conhecer sua deusa vai te ajudar a recuperar seu poder”
Gratidão a Deus por ter encontrado por seu intermédio um caminho para este conhecimento tão profundo. Sua missão é linda. Que Deus te abençoe