Excesso de ciúmes seria alguma deusa na sombra?

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Num mesmo relacionamento, podemos ter conexões de energias diferentes.

Uma das possibilidades é vivenciarmos o vínculo no sentido positivo. Aqui, ele cria novas coisas em nós. Flui criatividade, conexão. Nós nos sentimos, através daquela relação, parte de algo maior.

A outra possibilidade é o vínculo na sombra, numa vibração menor, digamos. Nesse caso, o vínculo (o relacionamento) existe para tapar um buraco.

Quando estamos nesta polaridade, podemos sentir excesso de ciúmes, insegurança, medo, possessividade… O que acaba causando sofrimento em nós e nos outros. Mas isso seria alguma deusa na sombra?

Muito prazer, essa é Hera. Hera rege o vínculo, a conexão profunda entre duas pessoas.

E qual a sombra do vínculo? O sentimento de posse.

Se você se apoia no relacionamento porque se sente menos se estiver solteira, você encontrou a sombra de Hera. Aí surgem coisas como MEU namorado, MEU marido, MINHA esposa.

Ou seja, posse. Sutilmente, muito sutilmente, acontece uma coisa perigosíssima: você começa a enxergar a pessoa pelo papel que ela tem na sua vida, e não pelo que ela é.

Se ele é o SEU namorado, ele é seu (e não exatamente o Fulano de tal). E aí, qual é o próximo passo do raciocínio do inconsciente? “Se ele é meu, então posso perdê-lo.”

E quem quer perder algo?

Veja como esse tipo de raciocínio pouco tem a ver com o relacionamento em si. Se o outro é “confiável” ou não. Esse é o ciúme.

Agora, vamos complicar ainda mais essa conversa.

O melhor “remédio” contra o ciúme é a conexão legítima.

Só que uma conexão legítima não é exatamente algo que se possa comprar na loja de decoração. Primeiro, você precisa estar num nível evolutivo um pouco melhor, já ter tido uma boa conversa com as suas sombras.

Segundo, a outra pessoa também precisa estar num nível evolutivo melhor. Não adianta você ser “luz” sozinha.

Terceiro, é preciso que a relação tenha tempo e cuidado suficientes para poder se fortalecer como tal.

Observe que isso pouco tem a ver com monogamia ou não. Monogamia é um compromisso que os dois decidem assumir. Ou não.

Se os dois assumiram esse compromisso, ele se torna parte do contrato energético da relação. Se um dos dois quebra esse contrato, a relação enfraquece – e, assim, enfraquece a ambos.

Relacionamentos podem funcionar das mais diferentes formas, para todos os lados. O essencial é: o contrato energético, o que cada um coloca e espera do outro, precisa ficar claro, claríssimo.

E quando se tem um sentimento maternal pelo parceiro ou parceira? É possível curar esse vínculo?

Possível? Sim. Mas para fazer essa cura (já que não, não é nem um pouco saudável), precisamos primeiro entender de onde esse sentimento vem.

É o desejo de ser útil? Imprescindível? De ver valor em si mesma?

Ou você vê a outra pessoa como um ser perdido, “não pronto”, que precisa de uma atenção constante?

Isso basicamente implica que você subestima o outro e a sua capacidade de lidar com os seus próprios problemas.

Essa é a diferença do “maternar” e o cuidado natural e saudável numa relação. No cuidado natural, não há essa forma de ver o outro.

É impressionante. Quando enxergamos o outro dessa forma, e expressamos isso nas nossas atitudes, a tendência é que ou o outro se revolta, ou o outro aceita. E, nesse caso, ele vai se infantilizando, o que aumenta ainda mais a “necessidade de cuidados”.

(Aqui uma observação: isso não se aplica a crianças, óbvio. Elas têm etapas de desenvolvimento, e cada uma dessas etapas tem suas próprias necessidades.)

A propósito, essa é a sombra de Deméter. Ela se estende ao marido, familiares, colegas. Todos são seres “fofinhos” precisando de colo e atenção. Para Deméter existe uma satisfação real em cuidar, é muito prazeroso.

Só que isso também gera uma outra “sombra”, que é a expectativa de retorno.

E como “mudar” a deusa em ação, ou pelo menos equilibrá-la? Por exemplo, digamos que nos relacionamentos você é muito Hera.

Aqui, quando esse arquétipo está desequilibrado, a maior característica dessa deusa na sombra é a capacidade de viver uma idealização, e não enxergar a realidade.

A ideia de um término, de um divórcio, de ficar sem o outro, ou que o outro não seja tudo o que você espera, é tão aterrorizante que essa realidade precisa ser “mascarada”. A pessoa enxerga o que quer, e não o que está acontecendo.

Mas como saber se você não está fazendo isso, vivendo uma realidade “da sua Hera”, e não o que está acontecendo de fato? Aí precisamos fazer o teste de se perguntar: “você consegue se enxergar feliz sem essa pessoa?”.

Se você não consegue, sua Hera está ativa. E aí tem que ficar de olho.

Quando você descobre que tem uma deusa na sombra, você tem dois caminhos (e, claro, o ideal é fazer os dois).

Um deles é entrar no âmago da deusa, ressignificá-la. No caso de Hera, é tirar a projeção de que o outro precisa te fazer feliz.

O segundo caminho é “chamar” outras deusas para atuar no relacionamento também. Por exemplo, Atena.

E por que Atena? Porque Atena é sensata. É a força que olha e te diz “ele está te enrolando”. E a Hera implica: “ah, mas nós temos algo. Ele é tão importante para mim”.

Se Hera não estiver tão desequilibrada, tão na sombra (no caso, a dependência emocional), as outras deusas conseguem se manifestar e dar uma organizada no rolê.

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