A neurociência do estresse: como sair do perrengue mental

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O estresse é um estraga-prazeres universal. Ele nos perturba, acelera nosso envelhecimento, nos torna menos produtivos, e até bagunça a cabeça.

Mas você sabia que é sua interpretação das situações, não as situações em si, que aciona o alarme? Inclusive, temos o poder de transformar o estresse em um aliado, encarando dificuldades como desafios. Como você encara a vida faz toda a diferença!

A questão é: como você tem interpretado sua vida ultimamente? 

Sabe por que essa pergunta é importante? Porque veja, o cérebro leva em torno de três meses para se recuperar de um estresse.

Digo três meses porque esse é o tempo da neurogênese. É o tempo que um neurônio-bebê, lá no “berçário” dos neurônios (o hipocampo), leva para se tornar adulto e atuante.

Vale salientar que o estresse afeta todas as etapas da neurogênese. Por isso que quando estamos estressados temos tanta dificuldade em aprender coisas novas.

Ou seja, se você teve um burnout, por exemplo, isso afetou até a camada mais baby dos neurônios.

Felizmente isso é reversível. A próxima camada a ser formada já está livre dos efeitos tóxicos. Mas até essa nova camada se tornar plenamente atuante na circuitaria, vai levar uns bons três meses.

Eu falo isso para usar como um parâmetro (óbvio que estou simplificando uma coisa BEM mais complexa). Porque a gente se cobra muito, como “poxa, já se passaram dois meses do perrengue e minha cabeça ainda não está normal, baixa produtividade e tudo mais”. Então não se cobre assim. Está tudo no tempo certo.

Mas e as condições do meio, elas não influenciam nadinha? 

Bom, a verdade é como eu falei ali em cima: o seu cérebro não se importa com as condições do seu meio. Ele se importa com COMO você as INTERPRETA.

Por exemplo, vamos pensar naquelas pessoinhas pessimistas até a unha. E aí, neurologicamente, será que esses pessimistas crônicos têm algo faltando no cérebro que dificulta ver a vida de forma mais leve?

Bom, tudo indica que é o contrário. Pense no seu cérebro como a sua casa.

E aí você ficou 30 dias sem cuidar dessa casa. Sem limpar, lavar uma louça, tirar o lixo da cozinha, dar uma descarga no vaso sanitário. Quando você entrar, pode pensar “que porcalheira, tem algo de errado com essa casa”.

O que nos leva a: pessimistas crônicos têm cérebros mal cuidados. É a nossa percepção que modela a resposta do nosso cérebro ao estresse.

Você até vai encontrar alterações cerebrais, mas elas são muito mais consequência dos péssimos “hábitos” de pensamento do que a causa em si.

Tem como “mudar” o cérebro? Tipo consertá-lo? Não. E os pensamentos, tem como mudá-los? Aí sim. Então o cérebro se reajusta e muda o padrão. Mas isso dá trabalho. Afinal, é muito mais fácil seguir na inércia do que modificar um hábito de anos.

E aí você pode estar pensando: “Certo, Fran, entendi. O estresse vem de como eu interpreto as situações ao meu redor. Mas e quando eu JÁ estou estressado? É só descansar direito que muda o cérebro de estressado para relaxado?”

Olha, esse é um bom primeiro passo. O cérebro gosta de descanso. Mas veja, ele não gosta de inércia, são coisas bem diferentes. Aliás, você já percebeu como a gente fica mais cansado depois de passar horas rolando o feed no celular? Ou emendando um episódio no outro daquela série que vicia?

Pois é. Para ficar mais fácil de entender, a gente vê isso muito claro nas crianças. Colocar uma criança para “descansar” (seja ficar morgando na praia, ou só vendo YouTube/Netflix) vai deixá-la entediada.

Isso porque o “modo descanso” do cérebro significa cérebro ativo, porém despreocupado. 

No modo descanso ele não fica parado, e ao mesmo tempo ele também está se divertindo. Afinal, o cérebro é curioso por natureza. Isso é que o deixa descansado.

Por exemplo, uma vez uma seguidora me contou que estava na dúvida se fazia ou não uma segunda graduação. Por um lado, ela estava super feliz e empolgada com a ideia.

Por outro, batia o medinho de não dar conta do seu trabalho como professora, de conciliar as duas rotinas, acabar se estressando ainda mais, daí ela não sabia se embarcava nesse novo curso ou se deixava para depois.

E aqui tenho duas dicas (ou melhor, duas estratégias) para você que talvez esteja com dúvida sobre como manter seu cérebro ativo sem estresse (seja fazendo uma nova graduação, um novo curso, um novo trabalho e por aí vai).

A primeira delas: essa é uma excelente dúvida para pedir por sonho. E aqui não custa lembrar: os sonhos nunca te dizem o que fazer, mas vão te mostrar as forças em ação em cada caminho de decisão.

A segunda: essa decisão vai depender muito de COMO você vai encarar essa nova atividade (lembra do que conversamos no começo do texto? O modo como você encara as situações faz toda a diferença).

Se você for entrar no estilo “melhor aluno” (quero fazer tudo, acompanhar tudo na primeira fila etc), muito provavelmente você vai se estressar e entrar na tal escassez do tempo.

Agora, se você for firmar um combinado consigo mesmo que vai fazer no ritmo que der, só para curtir, sem cobranças, aí pode ser que seja muito tranquilo.

Aliás, além de se divertir mais, você vai aprender mais e render mais também.

E aí, fez sentido para você? Então envia esse texto para aquela pessoinha querida que também está querendo desestressar.

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