“O dinheiro nunca sobra, sempre falta.” “O dinheiro escoa da minha vida.” “O dinheiro vai embora assim que ele entra na conta.” “Quanto mais eu ganho, mais eu gasto.” “Sempre fico no limite.”
Esses são alguns dos desafios que recebo quando falo sobre prosperidade e escassez. O dinheiro chega mas não fica. E agora, como virar a chave?
Se formos pensar em termos da filosofia da prosperidade, de forma bem simplificada, quando isso acontece é porque não há energia de acolhimento na vida para esse dinheiro ficar.
Para começar a mudar esse cenário, nessas horas o primeiro passo é se fazer a seguinte pergunta:
As escolhas dentro da minha casa e da minha vida estão sendo feitas pensando no medo de ficar sem dinheiro ou no meu bem-estar? Separe um tempo para responder essa pergunta. De coração aberto, sem julgamentos.
Quando o “dinheiro não fica”, essa é a melhor pista que não estamos priorizando a nós mesmos. É uma dica para nos cuidarmos, ter mais carinho conosco. Porque assim começamos a nutrir mais nosso campo.
Esse é um lado da moeda. Mas e o contrário? E quando o problema é não gastar de jeito nenhum?
Por exemplo, olha o que recebi por direct de uma seguidora:
“Não tenho compulsão por comprar, mas tenho um problema muito forte em conseguir gastar, comprar algo. Na verdade, você não vai acreditar. Eu ainda tenho um pouco desse problema. Mas acho que ele vem sendo amenizado de alguma forma. Começou com a compra do curso das deusas. Até essa “compra” eu não me permitia gastar em nada comigo mesma.”
O curso, ali, foi um presente que ela se deu, foi algo para ela mesma. Ter amenizado o problema com a compra do curso já fala muito. E aí pode surgir a dúvida: esse “não gastar com nada” seria uma forma de escassez?
Para encontrar a resposta, o que a gente faz nessas horas? Tenta descobrir o material simbólico por trás.
A melhor forma de fazer isso, nesse caso, é fazendo a si mesmo a seguinte pergunta: o que gastar (comigo) me faz sentir? Que sentimentos, que impressões aparecem?
Vou dar um exemplo de uma amiga: ela me disse, certa vez, que comprar coisas para si mesma a fazia se sentir fútil e superficial.
Opa, já temos um material para analisarmos aqui. Para investigar melhor, vamos recorrer à ajuda da alquimia: se o gastar demais é um problema na operação da terra (a coagulatio), a dificuldade em gastar consigo costuma ser um problema relacionado à operação do ar (a sublimatio).
Vou explicar.
Quando você se faz a tal da pergunta: “o que eu sinto quando penso em gastar?” e te vem uma sensação ruim, que nem essa da minha amiga, de que aquilo parece “errado”, materialista e inconsequente, o problema está na operação do ar.
A sublimatio é a elevação espiritual. É o se afastar do mundo concreto, e buscar a elevação da consciência. Só que a gente DISTORCE essa operação.
E aí a pessoa mistura que se elevar, ser alguém melhor, é não depender do mundo material. É viver com pouco etc. O mundo material é visto como “pecado”.
Então surge uma situação típica: é a pessoa que está, sabe-se lá há quanto tempo, num caminho espiritual, e emperrou totalmente. Não avança no tal “despertar”, na limpeza dos problemas, e fica naquela “o que eu estou fazendo de errado?”
Qual é a lição da alquimia nessas horas?
Tem um termo alquímico que é assim: “Solve et coagula”.
E o que é isso? Dissolver e coagular. Não podemos ficar numa operação única, elas são ciclos. Depois de uma fase de mais materialização (coagular), temos uma de mais desprendimento (dissolver), para então novamente colocar em prática o que aprendemos (coagular).
Traduzindo na prática: quem tem dificuldade de gastar, já está com a sublimatio no limite. Está demais da conta no ar, está perdendo a “conexão”. Precisa voltar para a terra. Para o prazer de viver, de realizar. O prazer de dormir e comer. De gastar e receber.
Está lá no Eclesiastes: “E, na experiência da vida, descobre que o melhor e o que mais vale a pena é: comer, beber e desfrutar o resultado de todo o trabalho realizado debaixo do sol, porquanto essa é a sua porção e recompensa”.
Pura prosperidade, né?
Ou seja, é através desses ciclos, dissolver e coagular, que a gente vai encontrando o equilíbrio.
Uma outra coisa muito interessante que pode surgir quando se responde a pergunta “o que me vem quando penso em gastar?” é que a pessoa não se sente merecedora do gasto, ela sente que vai faltar o dinheiro depois.
E isso revela o quê? É uma escassez que está por trás desse sentimento. O que nos mostra que é o sentimento que define se aquilo é escassez ou prosperidade, e não o gasto em si.
Por isso que quando me perguntam “gasto muito. Isso é escassez ou prosperidade?”, a questão é: depende do sentimento, do material simbólico, por trás.
O gasto excessivo, para compensar uma insatisfação, a ponto de faltar para as outras áreas de vida, é escassez. E o não gastar por medo, impedindo que a vida flua, também.
Por isso é importante essa investigação do que está por trás daquele gasto. Porque pode também acontecer a situação de estar gastando muito, mas só com cursos, estudos… E aí, qual o problema?
Pode ser um sentimento de inadequação, de não se sentir o suficiente? Cada caso é um caso, e é preciso ver o que está “escondido” nesses gastos. Eu, pessoalmente, acho que essa é uma ótima forma de circular o dinheiro. Tudo que investimos nisso tende a voltar muitas vezes.
E querer comprar sempre na promoção, cashback, é escassez?
O importante é a sensação. Se você compra feliz e tranquilo, está ótimo.
Então, foque na sensação. Você pode, inclusive, sentir receio e satisfação ao mesmo tempo, pode achar que o dinheiro pode faltar, mas mesmo assim comprar se você quer ou precisa daquilo.
Isso é muito natural, porque a maioria de nós não é nem 100% escassez nem 100% prosperidade, mas uma somatória de ambas as mentalidades. Mas quanto menos receio e mais satisfação, mais a nossa “medida” vai para a prosperidade.
E você, sente que está investindo em si mesmo e no seu bem-estar?