Os papéis do homem e da mulher (e o que o inconsciente diz sobre isso)

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Temos visto nos últimos tempos uma onda de pessoas afirmando que homem não lava louça nem limpa casa, seu papel é ser o provedor da família, e que o papel da mulher é criar os filhos, cuidar do lar, ser submissa ao marido e por aí vai.

Em termos de inconsciente, o que isso nos revela?

Quando alguém afirma que a mulher deve ser submissa ao homem no relacionamento, isso rende uma análise tão completa de animus e anima que ninguém nunca mais vai ter dúvida no assunto.

Tudo começa na mãe. Ou na vovó. Ou nas declarações da família “homem não presta”.

Sempre que temos uma declaração assim, totalmente assertiva e genérica, como “homem não presta”, “mulher é interesseira, só quer dinheiro”, o que é isso? Essas pessoas que soltam essas afirmações conheceram um por um dos bilhões de homens e mulheres que vivem no planeta para ter certeza disso?

Claro que não. Essas declarações são totalmente inconscientes. No caso, elas vêm de uma estrutura do inconsciente chamada animus (na mulher) e anima (no homem).

O animus é uma figura que vive no inconsciente da mulher, carregada de energia masculina. É um homem, mas não de carne e osso. É um homem psíquico.

Sabe as fantasias sexuais? É o animus. Homens incríveis ou terríveis nos sonhos? É ele de novo, o animus.

Pois bem, ele tem um lado negativo e um lado positivo. Normalmente ele começa negativo, e só se torna positivo quando a mulher passa por um desenvolvimento interior.

Quando temos falas depreciativas sobre os homens, por exemplo, “nenhum deles presta”, é a mulher vendo a energia masculina em si de forma negativa. O animus negativo.

Quando um homem fica falando sobre a “inferioridade” das mulheres, ele está vendo a energia feminina em si de forma negativa. É a anima negativa.

Quando temos uma bobajada da moda como “a mulher com energia masculina”, ou “polo yang” ou sei lá o que, é o animus negativo.

Aliás, esses papinhos de “esse comportamento é uma energia masculina, aquele comportamento é uma energia feminina” são um prato cheio para o animus e a anima. Não caia nessa. Porque qualquer estereótipo vai jogar sua energia psíquica para baixo. Mas sigamos.

Quando a mulher se torna excessivamente autocrítica, fica se autopunindo, “você é fraca”, você devia ter feito mais”, “você tem que…”, essa é a voz do animus negativo. Jogando a mulher para baixo.

Pois bem, os animus negativos também recebem o nome de “maldições de família”. E o que é isso, na verdade? A avó tem um animus negativo, que forma o animus negativo da mãe, que forma o animus negativo da filha… são os famosos casos de gerações sucessivas de mulheres com péssimas escolhas amorosas, extremamente autocríticas.

E segue adiante o desastre, até que chegue numa mulher que alcance um nível maior de consciência e “reverta” o animus. Aí as gerações seguintes serão poupadas.

Enquanto isso não acontece, o animus negativo da mulher (que é inconsciente, ela não sabe que ele está lá) a leva a se sentir atraída justamente pelos homens com mais chance de trazer sofrimento para sua vida, com traição, abandono, enganos, abusos… reforçando ainda mais a crença de que “homem não presta”.

Percebe o círculo vicioso?

Então, voltando para a nossa análise dos papéis, quando a mulher tem em mente que deve ser submissa ao marido, e solta uma frase dizendo que precisa deixar de “ser o homem da relação”, isso na verdade é uma postura de vida defensiva. Uma pequena confusão que, aliás, é bem comum.

Postura defensiva? Como assim?

Bom, como o animus negativo convence a mulher que ela não é boa o bastante e ela precisa estar sempre fazendo mil coisas para compensar essa “falta”, essa é uma mulher que não para um minuto, ela está sempre correndo com as cobranças. E aí se entende que o “tomar a iniciativa”, “tomar a frente”, “sair na vida e resolver as coisas”, prover, decidir etc, é “ser o homem da relação”.

Se formos ser bem precisos, na verdade é uma mulher “assombrada” pelo animus negativo.

Veja a diferença: ela não está fazendo algo porque aquilo a enche de alegria, mas para evitar uma perda. Ela faz por medo. Por se sentir insuficiente. Embora isso não fique claro para ela.

E na vida prática, como isso aparece? Grosso modo, uma estrutura inconsciente sua, que você não percebe, pode estar fazendo uma das duas coisas: ou ela é projetada em alguém “de carne e osso”, e você passa a ter sentimentos muito fortes em relação a essa pessoa, ou ela aparece numa ação sua, que acontece meio que à sua revelia.

Ou seja, quando essa estrutura inconsciente está em ação, ou a mulher age conforme o animus a faz agir ou ela está enxergando o animus em outra pessoa. E isso vai em frente até a mulher se resolver com o animus dela. Daí essa bagunça, enfim, desaparece.

Enquanto isso não acontece, quando o animus está projetado em outra pessoa, isso faz com que a mulher tenha sentimentos fortíssimos pelo parceiro. Tanto paixão como ódio. Por isso que se diz que um se converte tão fácil no outro: paixão e ódio são os dois lados da mesma projeção.

“E como eu faço para diferenciar se estou vivendo um amor verdadeiro ou simplesmente projetando meu animus (ou anima) no outro?”

Bem-vinda à pergunta de milhões. Mas uma coisa curiosa é que os outros costumam ver com mais facilidade que você. Porque a energia é muito diferente.

Então quer dizer que toda declaração de “submissão” é uma projeção de animus (ou anima) no outro? Quase sempre sim. E a nossa sabedoria interna se contorce com uma coisa dessas. Afinal, depois de um esforço homérico para enfiar você nesse planeta para você crescer, evoluir, você vai lá e entrega a sua autorresponsabilidade para o outro?

Pois é, não dá certo.

“Ah, Fran, fiquei com uma dúvida: ser submissa ao marido é necessariamente “entregar a responsabilidade para o outro”? Ou isso seria uma situação de projeção?”

É a mesma coisa. Se você projeta, você entrega a responsabilidade, as duas coisas andam juntas. Porque veja, ao projetar o animus no outro, o outro passa a ter poder psíquico sobre você. Ele desperta sentimentos intensos em você. E se as coisas vão mal, é o outro que é o “culpado”.

Agora, lembra que eu falei antes que uma estrutura inconsciente pode OU estar projetada OU estar por trás de uma ação sua? Pois bem, quanto maior a oscilação entre uma coisa e outra, mais carregada está essa projeção.

É aquele tipo de coisa que começa com “Ai meu Deus, eu o amo muito, ele é tudo para mim” e vai para o “socorro, se ele não me amar mais, o que vai ser de mim? Preciso ficar bem linda para que isso não aconteça”. Daí a mulher corre pro salão de beleza, faz procedimentos estéticos, se mete em dietas mirabolantes e por aí vai.

Veja que nesse exemplo a mulher não está fazendo isso por ELA, mas sim pelo OUTRO. É aí que está o problema.

Durante essa oscilação, a projeção pode sair do aspecto “positivo” (“ah, ele é lindo, maravilhoso, o homem ideal, meu príncipe”) para o negativo (o homem se torna “o mais cretino dos homens”), porque essas mudanças são da natureza das projeções. Daí a gangorra pode ficar alternando entre momentos de “você é incrível” e “você é horrível”.

Agora um ponto muito importante: qual a diferença entre o animus negativo e a mulher independente? Por exemplo, olha o relato que uma seguidora me mandou certa vez no Instagram:

Vamos começar de comum acordo que temos um animus negativo aí, certo?

Porque veja, para entender o inconsciente, não é para a ação concreta que a gente olha. Mas o SENTIMENTO envolvido naquela ação.

Você pode arrumar um chuveiro e achar isso ok. Você pode não saber arrumar um chuveiro e precisar da ajuda de alguém que saiba, seja homem ou mulher, isso também é ok.

Mas quando você conserta o chuveiro na base do ódio, porque era um homem que deveria estar fazendo essa tarefa, isso sim é o animus negativo. Ele exorta a mulher a fazer as coisas da vida “com ódio”.

Então o que nós mulheres podemos fazer para deixar nosso animus feliz?

Para começar, o animus gosta bastante quando não compartimentalizamos “isso é coisa de homem” e “isso é coisa de mulher”. Porque isso presume que o animus não existe, entende? Presume que a mulher não tem forças masculinas dentro de si, para ficar só com “coisas de mulher”.

Depois disso, temos mais algumas atitudes simples que podemos tomar nosso dia a dia que deixam nosso animus felizão. Mas isso é assunto para uma outra conversa.

Gostou desse texto? Manda para uma amiga que vai adorar conhecer seu animus!

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