Como educar os filhos: dar limite ou liberdade?

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Como definir a linha entre dar limites aos filhos e deixá-los manifestarem sua essência?

Esse é o desafio número um de todos os pais. E não tem resposta pronta para isso, precisamos conhecer a fundo nossa criança (e a nós mesmos).

Nessa mesma linha, tem um segundo desafio que também pega muito os pais: até que ponto devemos proteger os filhos e até que ponto devemos expô-los?

Em termos práticos, um conselho que facilita MUITO a sua vida se você consegue aplicá-lo (e que é fácil de falar e difícil de seguir) é: uma vez que você coloca um limite, precisa mantê-lo. Seja coerente com sua palavra.

Exemplo aleatório: aqui em casa a gente não deixa a Sassá ficar de pé no sofá ou na cadeira. Para não cair, é claro. Temos uma frase batida: “ou sentada no sofá ou em pé no chão”.

Enche o saco, porque tem que falar mil vezes. Mas agora é só começar a primeira parte da frase que ela já senta.

Agora, quando falamos de colocar limites, tem um ponto que precisamos prestar muita atenção: escolha bem os limites que você vai colocar. Afinal, não se pode lutar todas as batalhas.

E, olha, isso não é fácil. A grande maioria das tretas entre eu e o Gabriel é sobre isso: qual vai ser exatamente o limite aqui? Mas isso é normal, afinal, se os dois pais são participativos, vai dar treta mesmo.

Por isso, para “não errar a mão”, avalie as coisas que são prioridade absoluta para você (e as que não são). A parte legal é que a gente aprende muito sobre nós mesmos.

Mais um exemplo aleatório do que acontece por aqui: eu não faço questão nenhuma que a Sassá interaja com todas as pessoas. Se ela não está a fim de interagir, eu a deixo em paz. Tenho pavor dessa coisa de “vai lá dar um beijo na tia”.

Mas acho sim importante ser educada. A parte boa é que isso foi fácil. Como todos nós aqui em casa somos muito educados, ela só absorveu.

Daí é de morrer de amor ver esse titico de gente falando “mamãe, me dá um pouquinho de água, por favor?”.

Outra coisa que ajuda bastante é tentar oferecer duas opções. Por exemplo: “vamos escovar os dentes ou trocar a fralda? Qual você prefere?”. Sempre levando da forma mais leve possível.

Porque se você falar “faça isso, faça aquilo”, é muito provável que escute um “nãaaaoo, eu não quero!”. Então, dê duas opções. Isso dá senso de autonomia, que eles estão no comando.

Um clássico: em vez de “é hora de pôr a roupa”, tente “hoje você quer a rosa ou a azul?”.

Vai depender muito da personalidade da criança também. Os pequenos têm diferentes graus de autonomia. E os pais vão precisar se ajustar a isso. Mas essa liberdade é fundamental.

Falando do meu caso, eu sou do tipo que aposta na autonomia. Deixo ela fazer, mesmo que fique mal feito (exemplo: escovar os dentes sozinha. Sempre escovou, mas só agora que está escovando direitinho. Pentear cabelo. Tudo isso ela faz).

Um tempo atrás, quando compartilhei no Instagram um pouco da rotina com Sassá, uma seguidora me mandou uma mensagem admirada: “fico impressionada como você dá liberdade de uma forma tão tranquila. Deve ser muito bom! Acho interessante demais”.

E sim, é uma delícia! Aqui, Sassá mexe em tudo. Ela ama. Eu coloco todas as minhas canetinhas no chão e mostro como usar. As que têm brilho, as que não têm, as finas, as grossas, as marca-texto, as nanquim. Mostro que cada uma tem uma textura (e até cheiro) diferentes.

Por que eu faço isso? Porque esse é um exercício sensorial delicioso. Adoro vê-la experimentando e descobrindo.

Livros? Perfeito para montar cabana. Ou torre. Figurinhas, adesivos? Eu compro na Internet uma grande quantidade de uma vez, e sempre solto uma cartelinha.

Mas aqui preciso deixar um adendo: tenho uma filha virginiana e mais organizada do que eu. Ela termina de brincar com as canetinhas e guarda todas no lugar. Respeitando até a ordem de cor!

Brincadeiras à parte, o que aplicamos aqui é: casa é para usar. Até mesmo as coisas de cozinha. É claro, eu deixo os objetos cortantes separados, mas com o resto ela brinca (potes, escoadores etc). Inclusive, tudo de cozinha que for possível, ela faz. Já ajuda nas panquecas, passa manteiga no pão, me ajuda a fazer infusão de chá.

Maquiagem? Também usa. Não deixo abrir, mas com os pinceis ela pode brincar de “me maquiar” à vontade.

Por outro lado, de algumas coisas tenho ciúme (por exemplo, alguns post-its específicos). Daí eu deixo acessível, mas falo: “mamãe gosta bastante desse, então usa um pouquinho, e depois devolve”. Ela mal mexe. Até porque tem TANTA coisa para ela mexer.

Esse é o poder da liberdade.

É muito legal ver que a gente não precisa de muita coisa: só as coisas “da casa” já são de uma sensorialidade infinita pros pequenos.

Em contrapartida, respeito as coisas que ela coloca. Às vezes ela não quer ir num determinado lugar, ou não quer ver tal pessoa. Já mudei todos os planos mais de uma vez por causa disso.

Agora está mais fácil, porque ela já fica super à vontade na grande maioria dos locais e pessoas. Mas com algumas específicas ela implica – e eu respeito. Minha família deve ficar só observando quando eu solto uma do tipo: “pessoal, não vou na festa tal porque minha filha não quer”.

Mas veja, para MIM funcionou diminuir as regras. Isso é PARA MIM. Eu deixo, por exemplo, ela ver TV quando ela pede. Resultado: se assistir por mais de dez minutos por dia, é muito. Ela simplesmente perde o interesse. Prefere as brincadeiras.

Então não tem certo e errado. É conhecer seu filho.

O que precisa ter em mente é que nunca vai existir perfeição, porque a realidade é a antítese disso. Mas depois que você aprende a trabalhar a flexibilidade e aprende a escolher as batalhas, isso traz uma paz incrível.

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