Para quê aprender sobre mitos?

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“Mito é mera ficção.”

“O mito é uma pequena história que vem do imaginário do ser humano.”

“Mitos são histórias fantásticas protagonizadas por seres imaginários.” 

Se você der uma rápida busca na Internet sobre o que é um mito, esses são alguns dos resultados que vão aparecer. Então, se mitos são realmente “só histórias” (será?), qual é a importância deles nas nossas vidas?

Para a gente encontrar essa resposta, precisamos primeiro entender um pouco mais sobre inconsciente (que aqui vamos examinar sob a perspectiva de Jung).

Jung trouxe uma coisa chamada inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.

Inconsciente pessoal é tudo na sua vida que você não vê, que não entende muito bem, aquele montinho debaixo do tapete.

Já inconsciente coletivo foi um conceito novo que Jung trouxe, que até então não existia em outras linhas da psicologia.

O inconsciente coletivo é uma dinâmica que se levanta atrás do inconsciente pessoal, muito mais poderosa, e que vai muito além das nossas vidas pessoais, dos nossos dramas, se a gente pagou a conta de luz ou não.

Jung o definiu como “o legado ancestral da humanidade, que nasce de novo no cérebro de todo ser humano”. Ou seja, nós temos uma conexão direta com esse material do inconsciente.

Que, aliás, não está na nossa cabeça. O inconsciente coletivo é um campo. Pense nele como um campo energético, nós estamos nele, vivemos dentro dele. E aí, quando nós o examinamos de perto, vemos que ele não é vazio, ele é cheio, é pleno de material.

E esse material foi sendo compilado, estudado e trabalhado pelos nossos ancestrais há milhares e milhares de anos.

Só que os nossos ancestrais não tinham Instagram, Twitter, Facebook, Tik Tok, nada disso. Então como é que eles pegaram todo esse conteúdo do inconsciente coletivo, como é que eles reuniram tudo isso?

Eles usaram a mitologia. Histórias, mitos, lendas.

E é aqui que as coisas começam a ficar interessantes. O material da mitologia é tão fantástico que quando a gente olha com atenção, vê que está tudo lá.

Sim, eu e você crescemos achando que a mitologia eram só histórias sem qualquer finalidade. Mas os mitos, na verdade, são ensinamentos psicológicos.

Mas o que exatamente significa ter acesso a esse material? O que isso muda a sua vida? Como é que você pega essa teoria e transforma em algo que faça um antes e depois na sua vida?

Em outras palavras: para quê aprender sobre mitos? Aqui, precisamos prestar muita, muita atenção.

Nós temos dois níveis de realidade. O nível concreto, prático. E o nível simbólico. Só que a gente está sempre confundindo os dois. E o que muita gente não sabe é que a maioria dos problemas da vida vem disso.

Porque, veja bem, quando você compra um carro de luxo, não está só comprando um carro. Está comprando toda uma ideia de poder (e pagando a mais por isso, claro). Isso é simbólico. Isso não tem nada a ver com o carro.

Você entra numa empresa e espera ser acolhido, como se lá fosse uma grande família perdida. Mas não é. Você entra num relacionamento esperando uma conexão de alma, em que não haverá complicações. Mas a história é bem diferente.

Ou seja, sempre que você está em conflito, ou não consegue tomar uma decisão, pode saber: o nível simbólico de realidade está lá, interferindo, e você não está “entendendo o recado”. Para falar a verdade, a gente vive muito mais no mundo simbólico do que no real. Muito mais.

Daí vem a importância tremenda que é entendermos as regras do mundo simbólico. A gente está acostumado a ir ao mercado e conhecer todas as marcas de produtos. Só que a gente não conhece as “marcas” e os padrões, as assinaturas do nosso inconsciente que estão o tempo todo emergindo e nos influenciando. E não, isso (infelizmente) não está nas escolas.

É aí que entram os mitos. Nós não queremos um carro de luxo por ele mesmo. Queremos a poderosa carruagem dourada com os corcéis negros de Hades. A  gente não quer fazer parte do conselho diretor da empresa só porque sim. Também somos Coré, que sempre quis, mas nunca pôde integrar os 12 poderosos do Olimpo. Somos Afrodite com seus amantes, Atena em suas batalhas.

Ou seja, entender os mitos é desvendar muitas chaves secretas. O porquê de cada bloqueio, ou sensação de fracasso. O dedo podre, ou dificuldade com dinheiro.

Então qual é a grande sacada aqui? É usar esse material mitológico para explicar as questões da nossa vida.

E não, eu não estou inventando a roda. Foi isso que os povos antigos fizeram, usaram as histórias e os mitos para transmitir um tipo muito profundo de conhecimento.

Esse que é o poder dos mitos e das lendas. Eles traduzem numa linguagem imediatamente acessível conceitos extremamente complexos sobre nós mesmos. Por isso que a Bíblia é construída na forma de narrativa. Porque esse é o design do nosso cérebro: ele adora uma história. Ele entende aquilo imediatamente.

Ou seja, esses mitos falam de coisas que já sabemos intuitivamente. Falar sobre esse tipo de assunto é mais um “lembrar de algo” do que propriamente “aprender”.

Por isso que esse conhecimento é melhor do que Netflix: ele é a matriz de como a gente funciona. São os “tijolinhos”. Se queremos trabalhar bloqueios e sabotagens, arranjar um/a crush que preste e ter grana suficiente para fazer aquela viagem dos sonhos, é por aqui que a gente começa.

Cada mito é o nosso legado, é a nossa herança. É o que os antigos falam: “essa situação que você está vivendo é isso”. Se você compreender, se você entender, você se liberta daquele conflito. Você tem a oportunidade, através de cada desafio e dificuldade da vida, de alcançar um novo nível de consciência.

Porque é esse o objetivo maior da nossa alma: crescimento, evolução. Nós estamos aqui para muito mais do que apenas trocar o lixo da cozinha, pagar contas, ou olhar se o sinal está verde ou vermelho. Nós viemos para uma expansão de consciência.

Quando você compreende o mito, você tem poder de escolha. E aí, se o seu nível de consciência estiver trabalhado, você é dono da sua história. Você pode viver do seu jeito.

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