Depressão tem cura? O que as mais recentes descobertas da neurociência dizem sobre a depressão

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No mês de setembro costuma-se conversar mais sobre saúde mental, com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre depressão e outros transtornos mentais, e assim promover o combate ao suicídio.

Se você tem um amigo ou familiar que esteja passando por isso, sabe como é difícil essa situação. Dia após dia a pessoa perde o interesse por tudo, sente um vazio tão grande que não sabe como resolver.

Nesses momentos de angústia, muito se pergunta: como tratar a depressão?

Para iniciarmos nossa conversa, precisamos entender que a depressão é uma doença do reino intermediário. E afeta o mundo material: neurotransmissores, hormônios, circuitos. Ela afeta também os sonhos, os pensamentos, os sentimentos, os relacionamentos.

Então como conversar com familiares deprimidos que acreditam que a depressão é só uma doença no cérebro, que tem que ser trabalhada somente com remédio? E pior ainda quando tem o psiquiatra que fala que é apenas um problema funcional na química cerebral?

Qual é o real problema aqui? A pessoa é muito concreta, é claro, para enxergar algo tão complexo como uma depressão e seus próprios sentimentos e comportamentos apenas como neurotransmissores.

Repare que isso é um pensamento de pessoas concretas e deprimidas. Nunca vi ninguém feliz falar: “Ah, são só meus neurotransmissores”. A pessoa que é feliz, é feliz justamente por respeitar seu mundo interior. Ela sabe que ele existe.

A pessoa muito concreta vai, é claro, achar um psiquiatra tão concreto quanto ela, que corrobore essa coisa de “é só um defeito cerebral”. Repare, acima de tudo, que existe uma resistência. Em admitir a real natureza do problema.

Olhar de forma concreta demais, matando o mundo interior, é um problema que sempre existiu. Antes, depressão era “falta de Deus”. Ou “preguiça”, “falta de força de vontade”. Agora só mudou a linguagem: “são os neurotransmissores”.

Mas o problema continua sendo o mesmo. O mundo interior sempre sai perdendo. Aí a pessoa deprime, óbvio.

Repare uma coisa: não estou dizendo que depressão não tenha problema nos neurotransmissores. É claro que tem. Mas não é SÓ isso.

Sabia que menos de 30% dos quadros depressivos melhoram totalmente com remédio? Se fossem “só neurotransmissores”, o remédio deveria funcionar em 100% dos casos, não?

Como prova disso, recentemente saiu uma revisão de estudos feita por pesquisadores do University College London dizendo que não foram encontradas provas de que a depressão é causada por um desequilíbrio químico no cérebro.

O problema é que nós, hoje, incluindo os senhores cientistas, raciocinamos de acordo com a ciência da década de 1960. 1960! O paradigma demora para mudar.

Para você ver que isso não é tão absurdo: até parece impensável, mas quem questionasse a existência de éter no meio científico apenas uns cento e poucos anos atrás era moralmente apedrejado.

Na década de 1960 surgiu a teoria farmacoquímica da depressão: “Hum, está faltando tal neurotransmissor.” Aí apareceram os laboratórios farmacêuticos saltitantes e disseram: “Ah, está faltando algo? Temos a solução! Aqui, ó”.

Antidepressivos funcionam? Funcionam! Mas como a relação não é direta, eles não funcionam TANTO assim. Há outras causas e caminhos envolvidos. E isso nem é novidade. O povo sabe.

O que nós ainda temos dificuldade de incorporar, por exemplo, é a realidade quântica do cérebro. Que o inconsciente é um padrão de onda eletromagnético. Isso é pesquisa de 2022. Isso é fato. Mas a nossa cabeça continua no “modo-de-pensar-da-década-de-1960”.

Modo esse que basicamente entendia o cérebro como um órgão inanimado, sem alma ou consciência de si mesmo, produtor de pensamentos aleatórios e emoções de segunda categoria.

Inconsciente? Que bobagem é essa? Mudar sua realidade através da mudança de paradigmas? Ahn?

Digamos que a falta de um neurotransmissor X, como a serotonina ou a dopamina, é um dos processos. Mas não é a causa base.

É como dizer que a sua casa é desorganizada porque te faltam caixas. Certamente as caixas serão úteis para você organizar o ambiente um pouco melhor, mas não é a causa base. O problema é mais profundo.

A causa base da depressão é energética, sutil. Está no mundo simbólico. Para mim, e talvez para você, parece óbvio. Mas para muita gente não é.

Para entender melhor isso, precisamos conversar um pouco sobre neurociência.

Existem uns trequinhos no cérebro chamados estruturas subcorticais da linha média (ESLM). Eles ficam no tronco encefálico, e são uma espécie de “plugue” do campo energético. É a “última peça do quebra-cabeças”, de como o cérebro lê as energias do campo e as traduz em neurotransmissores.

E dentro dessas estruturas acontece uma parada quântica.

Que parada quântica é essa? Bom, dentro dessas coisinhas há o que os cientistas chamam de processo oscilatório. Elas criam um campo (todos os neurônios criam, afinal, eles têm eletricidade). E esse campo está sempre se alternando, a cada poucos segundos.

Basicamente, dando muitos pulos na explicação, através dessa alternância de campo quântico o cérebro escolhe uma dimensão para expressar neuroquimicamente. E ele faz isso… a cada 8 segundos.

Pronto, já fez de novo.

Essa teoria está no livro The Self-Embodying Mind, do Jason Brown. Brown é um dos maiores neurocientistas dos novos tempos.

De acordo com o comportamento quântico dessas coisinhas, ou temos o nível material, o neuroquímico, ou temos o nível imaterial, o campo elétrico.

E o que isso significa? Significa que o cérebro é uma estação de transformação. Essa é a conclusão de três neurocientistas fod@ que estudam neuroconsciência, Brown, Panksepp e Northoff.

O cérebro capta informações do campo, e atualiza isso dentro da nossa dimensão de espaço-tempo. Essa loucura toda obedece ao princípio da sincronicidade: o que está fora, está dentro. Quando algo aparece no campo, aparece ao mesmo tempo no cérebro.

Por isso é tão difícil explicar “de onde a depressão vem”. Ela tem alterações cerebrais? Confere. E também alterações de campo (que sentiremos como tristeza, angústia, apatia etc).

A depressão acontece no cérebro e no campo AO MESMO TEMPO.

E agora as coisas ficam ainda melhores: quem manda informações para essas estruturas subcorticais da linha média? Os cinco sentidos. Até aí ok.

Mas não é só isso: aqui entram também todos os sentidos INTERNOS. Ou seja, a gente sente o campo no CORPO.

E aí talvez você se pergunte: então os antidepressivos podem alterar essa conexão?

E a resposta é: não. Como funciona isso, então?

Bom, o antidepressivo atua de forma mais eficiente em outras estruturas cerebrais, as redes corticais. Então, veja, há muitos casos que os antidepressivos NÃO resolvem. E nesses casos o problema provavelmente está lá no tronco encefálico, onde estão as estruturas subcorticais da linha média.

O tronco é que dá a “ordem”: “Muito bem, vamos trabalhar com X de dopamina”. E aí todo o cérebro tem que cumprir à risca. Se o tronco tiver um tônus de dopamina baixo, falta para todo o cérebro. E não há remédio que resolva.

Resumindo: a depressão seria clínica ou psíquica? Seria ambas. A depressão é o convite para o limiar. Entre o físico e o psíquico. Entre o concreto e o invisível.

Como a gente conversou no nosso papo sobre ansiedade, depressão e ansiedade são a febre avisando que há alguma questão que precisa ser trabalhada urgentemente.

E como ajudar alguém que está passando por isso? Para essa pergunta eu tenho uma resposta: a pessoa precisa pedir ajuda.

Sim, foi bem o que você leu. Não há NADA de significativo que possamos fazer enquanto a própria pessoa não pedir ajuda. No máximo podemos persuadi-la a fazer esse movimento.

Pelo forte componente psíquico da depressão, a vontade de se curar é o primeiro ingrediente essencial desse processo alquímico. Diferentemente de um pé quebrado, que podemos consertar até mesmo contra a vontade da pessoa.

Não só sou eu quem acha isso. Recebo diversos relatos de seguidores que confirmam exatamente o que estou falando.

Uma seguidora contou uma vez que a melhora do seu quadro depressivo só ocorreu quando ela pediu ajuda com todo seu ser. Foi um pedido de ajuda desesperado, com alguma esperança e vontade de viver.

Foi um pedido em silêncio no mundo concreto, mas que reverberou muito alto no sutil. Seu pedido de ajuda salvou a vida dela, como nada nunca antes tinha feito, nem mesmo quando começou a terapia ou a tomar remédios.

Ela teve que querer viver para pedir ajuda de verdade, e foi naquele momento que ela teve coragem para aprender como se melhorar.

A depressão é a antessala da transformação.

E, por conta disso, ela tem um impacto profundo. Ela altera o cérebro. Altera o sistema neuroendócrino. Altera até o campo psíquico de quem está ao redor.  E, para quem é sensível, até o ambiente onde essa pessoa vive fica impregnado.

Eu já tive três episódios depressivos. E já quase quebrei o pé. Prefiro o pé quebrado. Nossa, 10 vezes mais.

Na depressão, todos os nossos conceitos caem por terra. Quem nunca quis tomar remédio vai considerar. Quem nunca cogitou se abrir para um/a terapeuta vai encarar. Vai analisar largar o emprego horrível, o relacionamento insustentável.

E quem diz que tomar remédio para depressão “atrapalha nossa evolução”?

Falando com toda a honestidade: eu nunca tive essa impressão. Nosso Eu Superior é muito mais esperto que um comprimido.

Não tive a impressão que os antidepressivos de última geração afetassem o campo. O que, sim, quando o corpo “decide” que aquele remédio não é adequado, ele simplesmente o rejeita.

O segredo é respeitar os efeitos colaterais. A pessoa passou mal com tal remédio? Entendemos o recado. Tira-se aquele medicamento e não se fala mais no assunto. Simples assim.

Para finalizar essa nossa conversa, quais atitudes podemos adotar para voltar a ter ânimo, entusiasmo e dar um pé na depressão? Eis o tripé ultra básico: sono decente, luz (o cérebro precisa de muita luz) e exercício físico.

E uma dica bônus: se você tem sintomas depressivos persistentes, procure fazer o estudo genético de variantes MTHFR, que metaboliza o folato (falamos mais sobre esse exame nessa publicação do Instagram). Fazer reposição do metilfolato, como está na literatura, pode reduzir absurdamente crises de depressão.

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1 comentário em “Depressão tem cura? O que as mais recentes descobertas da neurociência dizem sobre a depressão”

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