Arquétipos: nós os ativamos ou nascemos com eles?

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Certa vez eu estava falando sobre deusas no Instagram, e uma seguidora me fez uma pergunta muito boa: nascemos uma folha em branco ou já nascemos com o arquétipo de uma deusa?

E essa foi a pergunta que fez Jung e Freud brigarem.

Somos uma folha em branco, totalmente fruto da nossa criação e do meio em que vivemos? Ou já viemos do nosso jeito, trazendo coisas antigas, como arquétipos e inclinações?

Na opinião de Jung (e eu, pessoalmente, acho que faz todo o sentido), nós não viemos a esse mundo como uma folha em branco.

Já viemos com determinados arquétipos mais fortes, com determinados desafios a serem vividos em relação a esses arquétipos. Uma forma de ler e vivenciar a vida que será unicamente nossa.

Mas aqui tem uma observação muito importante: não é para levarmos isso no sentido literal e concreto. Do tipo: “Ah, isso significa que serei abandonada. Ou que serei presidente. Ou sei lá.”

São caminhos internos, questões internas a serem vividas. E isso pode assumir muitas formas diferentes ao longo da vida.

E aí talvez você esteja pensando: “Tá, e essa discussão tem algo a ver com a MINHA vida?”

Com certeza.

Seu jeito de ser veio dos seus pais? Ou, usando o que a seguidora perguntou das deusas, você expressa mais deusa tal por influência da sua família?

Não!

Seu jeito é seu jeito. Suas inclinações, arquétipos, seu caminho de vida (que Jung chama de “o nosso mito”).

O que acontece é que, sim, a criação MOLDA como esses arquétipos irão se expressar – em um primeiro momento.

Uma mulher que tenha muito de Ártemis, independente e livre, pode nascer numa família que só quer que ela case e tenha filhos, por exemplo.

Ela pode reprimir sua Ártemis e viver uma profunda insatisfação. Ou pode romper com essa família, e fazer tudo diferente. Isso será decisão dela. Mas que ela precisa de liberdade, ah precisa. Esse anseio por liberdade nasceu com ela, faz parte dela.

Da mesma forma, quando nos tornamos pais, é bom ter isso em mente. Nossos filhos terão sua própria jornada. Se nós não estragarmos, já está de bom tamanho.

Para a gente entender melhor isso, vou ilustrar com o relato que uma seguidora me fez uma vez.

A sobrinha dela tinha ganhado de Natal um monte de bonecas: boneca para dar banho, boneca para trocar fralda, boneca para maquiar e por aí vai. O sobrinho dela, irmão da menina, ganhou outros tipos de brinquedos que desenvolviam a criatividade.

Daí a seguidora ficou boladíssima. Porque, nesse caso, onde entraria a personalidade inata da criança e onde entraria a socialização?

Afinal, a sobrinha vai, de qualquer forma, seguir o caminho dela. Mas parece que desde muito cedo a sociedade “dificulta” esse processo, não mostrando que existem alternativas ao que já é “pré-determinado” (por exemplo, a mulher exercer papel de mãe e cuidadora, ou mega ligada à aparência etc).

É aqui que entra a pressão do coletivo. Porque essa socialização pode reforçar certas tendências da criança (por exemplo, a subserviência, caso seja essa a mensagem implícita).

E aí ela vai ter um trabalho desgraçado depois para resgatar outros arquétipos, outras forças que não tiveram chance de se expressar.

Essa é a tal pressão do consciente coletivo: as regras e normas. Algumas são óbvias e explícitas. Mas há um MONTE que são sutis e implícitas.

Via de regra, isso gera um amontoado de problemas, já que vai contra a nossa inclinação natural. Afinal de contas, nenhum de nós é um estereótipo.

Mais cedo ou mais tarde você vai ter que quebrar esse monte de cocô.

E aqui pode surgir uma dúvida muito comum: ok, nós nascemos com determinados arquétipos, mas é possível ativar outros? Afinal tem muito conteúdo na Internet hoje em dia que fala de ativação de arquétipos.

Uma bobagem, na minha opinião. Você só assume um arquétipo se um sonho “te autorizar” nesse sentido. Essa é uma grande pegada dos sonhos, eles nos dizem quais arquétipos em nós estão ativos e, portanto, podem ser acessados.

E aí o que pode acontecer é a pessoa achar que está “escolhendo” o arquétipo.

Mas é um movimento mais profundo, do inconsciente. Aquele arquétipo sempre esteve dentro da pessoa, só que não tinha se desenvolvido.

Por isso que essa história de “escolher arquétipos” como se escolhe roupas numa loja é uma bobagem e perda de tempo. Isso pode servir como uma linguagem de empresa com seus clientes, mas não numa dinâmica profunda.

A pegada aqui é de outro tipo. Existe “O” arquétipo que pode te tirar de uma determinada situação, e às vezes é algo bem diferente daquilo que você pensou.

Veja, é o inconsciente que escolhe o arquétipo e te apresenta. A sua parte é captar e aproveitar, ou continuar patinando.

Eu vivi isso. Descobri minha força através da maternidade, através do arquétipo de Deméter, a mãe. Sempre vi as mães como pobres criaturas exaustas, jamais imaginaria que haveria força aí.

Mas o inconsciente é quem sabe das coisas. Ele mostrou o caminho, e eu fui naquela de “quer saber? Vou encarar”.

Vamos colocar de uma forma bem simples: arquétipos são energias profundas. Lidar com elas de forma racional e superficial simplesmente não funciona muito.

Tipo: “Puxa vida, gostei desse arquétipo de Mago. Não sei muito ao certo o que significa, mas parece algo poderoso para apresentar aos meus clientes.” Que é mais ou menos o que a gente encontra quando dá um Google geral nesse assunto.

Esquece. No máximo, isso é um papel social que você pode assumir. E esses papéis não duram muito mais do que algumas semanas (vide BBB da vida).

Agora, vamos dizer que você está vivenciando transformações profundas na sua vida. Não sabe explicar ao certo, mas sente que algo mudou. Você passa a olhar as coisas de uma forma mais profunda e energética.

Você pode passar a ter sonhos com magias, feitiços… Ah, agora sim, esse arquétipo está se levantando.

Aí vamos supor que você já está acompanhando os conteúdos aqui e conhece esses paranauês todos.

Bom, aí você pode trabalhar a sua consciência para se afinar mais. Pode procurar objetos que te lembram dessa força arquetípica em ação. Pode pedir por sonhos que te ensinem a viver esse arquétipo.

A questão é que a conversa com os arquétipos é um caminho INTERNO. Eles são representações de verdadeiras forças do inconsciente. São o que os antigos chamaram de deuses.

Agora que você já sabe que existem padrões ocultos do seu inconsciente que podem te inspirar ou bloquear aspectos da sua vida, chegou a hora de saber que padrões são esses que estão em ação! Qual deus/a está dando as caras por aí?

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