Alerta de assunto viciante e maravilhoso! Hoje a gente vai continuar nosso papo delícia sobre deuses e deusas, como esses arquétipos influenciam as nossas vidas (e a gente nem imagina!).
Dia desses a gente estava conversando aqui sobre o poder dos mitos e como eles nos ajudam a entender melhor a nós mesmos, esclarecendo muita coisa no nosso comportamento.
Entender deuses e deusas, quem são e para quê servem, faz toda diferença na nossa vida.
Para facilitar, vamos fazer uma distinção aqui com Deus/a e deus/a. Deus/a com D maiúsculo, no singular, está representando a divindade. Agora, quando usamos no diminutivo, no plural, é outra coisa. Mas o quê?
As deusas e os deuses são a ponte de conexão entre dois mundos. Entre a nossa dimensão psicológica e o reino espiritual. Foram conhecidos e respeitados por todo o mundo antigo. E ainda o são, em diversas culturas.
São aspectos nossos muito, muito profundos. Jung os chamou de arquétipos. E, podemos dizer assim, são guardiões de potenciais ocultos nossos.
Mas e em assuntos práticos do dia a dia, como é que esse negócio de deuses aparece mais?
Vamos pegar um daqueles momentos em que a gente está super indeciso com alguma situação que aparece para nós.
Se você está chegando agora, esse macete é ótimo: quando há conflitos nossos, sempre há 2 deuses brigando “lá dentro”.
Essa é a forma mais simples e direta de falar sobre esse papo de deuses.
Isso que é tão legal de estudar o inconsciente. Deuses, mitos, alquimia… Tudo isso é o estudo de padrões do nosso inconsciente. Digamos assim, são os segredos do nosso “algoritmo”.
Esse conhecimento não é novo, pelo contrário, é velhíssimo! Os povos antigos dedicaram um tempo imenso a observar esses padrões, e os organizaram na forma de mitos. Povos diferentes observaram os mesmos padrões.
É por isso que certas histórias se repetem em diferentes culturas do mundo. Porque são universais.
Então, ao analisarmos os padrões de deuses e deusas, temos traços nossos. E é muito valioso perceber como vivenciamos esses padrões em nós. Quais desses padrões são saudáveis, quais não são.
E como descobrir que padrões são esses que tenho em mim? Bom, você pode começar investigando quais deusas habitam em você.
Depois que a gente descobre quais são esses padrões, temos mais chances de responder bem questões nossas usualmente muito difíceis.
Um exemplo clássico: ter filhos ou manter minha liberdade?
Na mulher, a maternidade é expressa pelo padrão-deusa Deméter. A gente vê Deméter “falando” na mulher que quer muito ser mãe.
Claro, não é só isso que Deméter faz. Ela gosta de cuidar e mimar todo mundo que está à volta. Uma mulher com uma Deméter forte provavelmente vai escolher uma profissão de assistência (professora, enfermeira etc).
E quando temos Ártemis forte? Vixe, essa precisa de liberdade!
Agora, veja: nesse nosso exemplo, primeiro temos que ver se tem de fato uma Deméter “apitando”. Ou se não é só aquela coisa de pressão social “você tem que ter filhos blá blá blá.”
A mulher Ártemis pode ficar muito bem e ser muito feliz sem ser mãe. Para ela, só vale a pena pensar em maternidade se tiver o lado “mamãe”, se tiver uma Deméter miando lá dentro “eu querooo”. Se não tiver, esquece.
Não custa enfatizar: muitos casos de “gravidez acidental” são uma Deméter escondida atuando por trás dos panos. Por isso é bom reconhecer bem essa deusa.
Pois bem, e se tiver uma Deméter junto, não é só coisa de pressão social não? Como a mulher Ártemis se vira nesse caso?
O curioso é que a mulher Ártemis dá uma ótima mãe. É a famosa mãe Ursa, super feroz em defesa dos filhotes. Ela dá liberdade aos filhos, não fica em cima. E aproveita mais especialmente após os 7 anos, quando a criança já tem mais autonomia.
O que sim, a mulher Ártemis precisa de rede de apoio. Lembrar que ela é Ártemis, e que por isso se dá melhor no papel de mãe “coletiva” do que no papel de mãe “a cria é só minha”.
O filho da mulher Ártemis é meio filho da tribo toda. Da avó, da escola, da turma. E cresce muito bem e muito feliz assim. Nada como uma mãe que respeita sua própria natureza.
Por isso é tão importante conhecermos os mitos e a força dos arquétipos. Para conseguirmos identificar que padrão está atuando naquele momento ou área da vida. E assim saber como lidar diante de cada situação.
Deuses e deusas são forças do nosso inconsciente profundo que desejam ser conhecidas, trabalhadas, curadas, transformadas.
E a mitologia traz isso, ela facilita essa conexão. O conhecimento já está em nós. Nosso trabalho é acessar, é lembrar. Lembrar que somos muito maiores do que pensamos!
Claro que o trabalho interno vai muito além do uso (ou não) do conhecimento mitológico. Afinal, o verdadeiro resgate interior não se dá pelo racional (analisar a história como uma mera curiosidade).
A resposta surge de dentro de você mesma. A mitologia tem seu valor por enriquecer o seu mundo interno, proporcionar momentos de insight, de “aha! Entendi!”
Então, da próxima vez que estiver enfrentando um grande conflito interno, tente analisar: quais são os deuses que estão “brigando” dentro de você? Existe mesmo uma “briga” interna ou tem algo externo entrando no meio (a pressão social para ter filhos, por exemplo)?
Se for uma interferência externa, ótimo, já pode eliminar essa alternativa e escolher a que restou.
E aí, se tiver mesmo essa “briga” interna, faça um mapa do propósito e defina qual caminho no plano concreto se encaixaria melhor no seu propósito interior. E, claro, para isso você primeiro precisa definir melhor esse propósito.
Porque, se você for parar para pensar melhor, a sua verdadeira dúvida não é a situação X ou a situação Y. Nunca é. Sua dúvida é sobre você mesma, e sobre os potenciais desconhecidos que há em você.
Agora que você já sabe que existem padrões ocultos do seu inconsciente que podem te inspirar ou bloquear aspectos da sua vida, chegou a hora de saber que padrões são esses que estão em ação! Qual deus/a está dando as caras por aí?