Quando eu falo de deuses e deusas, um assunto quente que sempre me perguntam é relacionamento: como esses deuses aparecem na nossa vida amorosa? Existe relação do animus com o deus que mais te atrai no boy?
E, sim, é muito possível que sejam o mesmo perfil de deus!
Os deuses e deusas do animus e da anima não são tão definidos quanto os da nossa personalidade. Por exemplo, é bem mais fácil sacar suas próprias deusas do que os deuses do animus. Mas existe sim relação.
Leia-se: quando você tem um “tipo” específico de boy (personalidade de deus) que te atrai mais do que qualquer outro, prazer, lá está o seu animus. Homens, idem com a anima.
O match é bom? É. E é melhor ainda quando você tem essa consciência, e pode usar isso a favor do seu relacionamento.
Vamos a um exemplo: lembro de um paciente que era super Apolo com Hades. Na vida “prática”, ele era um Apolo. Super bem-sucedido, falante, etc e tal. Mas internamente ele era muito Hades. Só que não mostrava esse lado mais interno, introspectivo, para ninguém.
O lado Hades dele adorava essa parte mais mística, de Jung, arquétipos e tal. Como bom Apolo, ele, que era um médico, não falava por aí que gostava dessas paradas mais esotéricas.
E aí ele assistiu ao curso das deusas, e chegou chocado na consulta.
Ele disse: “Agora entendi meu problema amoroso. Como Hades, o meu tipo é Perséfone. Foi a única deusa que me interessou no curso. Só que como eu só mostro meu lado Apolo lá fora, as Perséfones não se aproximam de mim. E eu nunca acho a mulher certa”.
Eu achei muito legal, porque foi um exemplo de como entender as deusas foi tão importante para um homem. Ele entendeu que precisava deixar o lado mais Hades dele aparecer. Isso fez muito bem para ele também, “permitir” mais esse lado dele.
Perséfone é a anima dele. Mas também é a mulher real que traria um equilíbrio importante para a vida dele. Com essa consciência, ele poderia usar essa percepção para “o bem”.
Isso me lembra de quando eu estava falando sobre Apolo no Instagram, e uma seguidora me falou: “Como assim, Apolo tem um lado negativo? Até agora só vi desvantagem! Quase perdi meus olhos de tanto revirar.”
E aí saquei na hora: ela devia ter algo de Perséfone. Esse é um match que não dá certo: Apolo e Perséfone.
A despeito da racionalidade, os Apolos são super atraídos pelas Perséfones. Mas elas não querem nem saber. As Perséfones não têm paciência com os Apolos.
No mito, o deus Apolo se apaixonou pela vidente Cassandra. Não deu certo. E os homens Apolo continuam fascinados pelas Perséfones. É aquela coisa: Perséfone não está nem aí pro doutorado dele, ou pro cabelo arrumadinho. Ele não consegue impressioná-la.
Por outro lado, as Atenas adoram! No que as Perséfones fogem e as Afrodites acham entediante, as Ártemis e Atenas catam. Os perfis de deuses que têm potencial para lidar com esse “mundo” da Perséfone são Hades, Hermes e Dioniso.
Não por acaso, um/a terapeuta obrigatoriamente tem que ter ao menos um desses deuses: Hades, Hermes, Dioniso ou Perséfone.
Hades e Perséfone são Senhores do Mundo Inferior (o inconsciente). Hermes podia ir e voltar de lá à vontade. Dioniso também já entrou lá.
Parece óbvio, mas a gente não para pra pensar nesse sentido. Um terapeuta precisa ter um deus “guia” para poder transitar nesse mundo do inconsciente. Se ele não tiver, não há potencial de transformação para o paciente.
No meu caso, por exemplo, eu tenho dois desses deuses guias: Perséfone como deusa, e Hermes como animus.
Mas sim, voltando ao papo dos relacionamentos.
Esse é o lado da “atração” que os deuses podem trazer. Só que também tem o lado da “repulsão”. Vamos imaginar uma mulher que se reconhece como Héstia, mas não suporta o perfil Hermes. Ela se atrai mais por um Ares, por exemplo, mas acaba esperando um Apolo. O que explica isso?
Nesse caso, a mulher não é só Héstia. Todos nós podemos ter mais de um deus/a em ação. A Héstia pode ser a deusa dominante na personalidade do dia a dia dessa mulher, mas nos assuntos do coração ela pode ter uma Afrodite.
E aí teríamos que ver esse “esperar encontrar um Apolo”. É de fato uma atração? Ou é só um lado racional falando que esse tipo é conveniente (por ser “certinho”, bem-sucedido etc)?
O melhor dos mundos aqui seria, quem sabe, encontrar uma combinação de Ares com Apolo. E com alguma coisa de Hermes (mesmo que essa mulher não goste, talvez só um tico), Hades ou Dioniso, para respeitar esse lado Héstia dela.
Em relação a Hermes, ele não precisa de mulher organizando a vida dele. Ele se vira, e muito bem. Por isso que Héstia é um perfil que dá certo com Hermes. Ela não é controladora, e traz paz e serenidade para essa personalidade inquieta.
Ela cuida do fogo e do aconchego. Ele é desenrolado e cuida das tretas da vida.
Esses dias eu saquei uma coisa. Estávamos eu e o Gabriel no carro, ele dirigindo e eu dando pitaco no caminho. Ele se irritou: “Desde quando eu fiz a gente se perder em algum lugar?”
Aí eu entendi. Ele é um Hermes. Se vira master em tudo, sempre se virou. Realmente, nunca nos perdemos numa cidade nova. Isso se conecta muito com a minha Héstia.
Minha Héstia deixa ele se virar do jeito lá dele. E só relaxa e aproveita a viagem.
Mas eu tenho Atena também, e essa é a pitaqueira. E aí dá conflito. Daí eu me toquei: “gente, aqui com ele eu tenho que deixar minha Atena de lado. É a Héstia que flui melhor”.
Por isso é tão importante ter essa consciência de deuses e deusas na nossa vida. Cada situação vai ter um deus específico que precisa ser “invocado” ou “deixado de lado”, e ter esse conhecimento vai transformar sua vida.
Agora que você já sabe que existem padrões ocultos do seu inconsciente que podem influenciar seus relacionamentos, te inspirar ou bloquear aspectos da sua vida, chegou a hora de saber que padrões são esses que estão em ação! Qual deus/a está dando as caras por aí?