Como mudar padrões com a ajuda da neuroplasticidade

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Iniciar o caminho de autoconhecimento costuma trazer muitas mudanças internas. Mas quando falamos em mudar padrões, acabamos nos deparando com uma questão: identificar o padrão não é mudá-lo de fato.

E aí, quando você menos espera, se pega caindo no mesmo buraco de sempre, e, por mais que tente, não muda.

Nessas horas, nada de ficar se culpando, se angustiando, achar que é pior que o cocô do cavalo do bandido. Afinal, esses padrões não mudam de uma hora para outra. Mas temos sim algumas ferramentas que podem nos ajudar aqui.

A gente pode começar a entender melhor isso vendo como nosso corpo funciona: quando não temos um dos sentidos desenvolvidos, outro se desenvolve mais. Isso, aliás, já é bem comprovado.

O nome disso é neuroplasticidade. Se uma pessoa não escuta (como eu), o cérebro vai usar aqueles neurônios no córtex auditivo para outra coisa. Nada é desperdiçado.

Isso é tão bem conhecido que podemos extrapolar ainda mais: isso não se aplica somente aos sentidos físicos. Mas também aos psíquicos. A habilidades emocionais.

Se, por exemplo, te deixarmos 14 dias no escuro, você terá muito mais condições de “ouvir sua intuição”, entender os sinais do seu corpo. Ele sempre está falando com você, mas você já está com muita informação para lidar, e o ignora.

Se formos privados de algo, desenvolveremos caminhos alternativos. Não existe “acabou, não tem o que fazer”.

Por isso crescemos tanto num luto, num término, quando fracassamos e perdemos algo. A energia fica “livre” para desenvolver outros sentidos, outras habilidades.

Podemos dizer, então, que a neuroplasticidade é um melhor padrão de flexibilidade cognitiva e emocional. É o caminho. É o padrão neuroquímico que permite que essa flexibilidade seja possível.

A partir dos nortes, das premissas da neurociência, nós vamos CRIAR. Porque a neurociência nos dá respaldo para isso: é a nossa imaginação, o nosso trabalho interno que muda os padrões neurais.

Fuçando as obras alquímicas do Jung para a pesquisa do TCC, eu me deparei com a seguinte frase: “se conseguirá certamente alcançar o milagre, caso o cérebro seja treinado pelo tempo necessário.”

Essa frase é de Wei Po Yang, um alquimista chinês do século II. Tem noção disso? Século II!

Então veja bem, o Wei Po Yang está falando nada mais, nada menos, de neuroplasticidade. A capacidade do cérebro de se modificar com o treino.

O primeiro modelo matemático de neuroplasticidade, de Hodgkin e Huxley, foi criado em 1952. E foi uma revolução absoluta na forma como se entendia o cérebro. Gerou muita resistência e só passou a ser inquestionável com as pesquisas de Kandel, em 2000.

Agora que já sabemos dessa incrível capacidade do cérebro de se adaptar e mudar, vamos aos princípios da neuroplasticidade. Para mudar um circuito neural (um padrão) são necessárias três coisas:

  1. Valência afetiva
  2. Foco
  3. Hábito

Valência afetiva é a emoção envolvida. Por isso, um evento traumático ÚNICO, tipo um sequestro, pode mudar toda uma vida. Porque a emoção foi tão intensa, que redesenhou tudo (e pode ser redesenhada, claro).

Então precisamos envolver nossas emoções aqui.

É aqui que a maioria das técnicas de psicologia positiva se lasca. Porque o pensamento não é nada, NADA, sem o sentimento.

“Ah, vou repetir para mim mesma 100 vezes que sou linda e magra.” Mas você está fazendo isso NÃO SE SENTINDO linda e magra. E o cérebro, esperto do jeito que é, não vai se deixar enganar por essa gambiarra.

Evocar, despertar emoções. Sentir o calorzinho no peito. Esse é o primeiro passo, o primeiro item da neuroplasticidade.

Passo 2: foco.

Via de regra, nosso grau de atenção é muito ruim. Isso se deve a determinados padrões neurais – que não vou explicar agora justamente para não perdermos o foco.

Sem um nível extraordinário de atenção, não criamos sinapses. Nossa capacidade de realização fica uma porcaria.

Nisso, a imaginação ativa é extraordinária. Porque ela treina o nosso foco. Com um tipo específico de atenção você entra no reino intermediário. E aí veja, você cria no reino intermediário. Corta os cordões energéticos. Fala com a pequena gente.

E, no cérebro, esse grau incrível de foco está remodelando seus padrões. Não é incrível?

Mas ainda falta o terceiro fator: hábito.

Criar o nosso dia, escolher nossos padrões, precisa ser um hábito diário. Por isso que o segredo e a estrutura principal do Rev8lução se baseou nisso. Cada dia, um exercício. Dois minutos, TODO DIA.

Podemos sim reformular nossa realidade. Criar novos padrões. Sabe por quê? Porque esse é um padrão neurogenético. A natureza sabia que não tinha como nos preparar para todos os desafios possíveis. Então ela fez o quê?

Ela deixou escondido um plano B. Os circuitos e epigenes podem ser mudados, conforme a necessidade. Se precisarmos de algo que nosso cérebro não tem pronto, a natureza confia que saibamos pegar o nosso cérebro e reformulá-lo.

Eu acho que chegamos num desses momentos coletivos. Precisamos de nada menos do que um novo design cerebral. Que comporte uma nova consciência. Isso mudaria o mundo.

E quer uma boa notícia? Se você mudar esses epigenes, através do trabalho interno constante, você passará essa mudança para a sua prole.

Imagine! Quanto mais sombras você trabalha, mais você muda seu padrão. Transmite pros seus filhotes um cérebro já com upgrade!

Tá, agora, como você pode fazer isso? COMO? Aqui a gente pega o gancho com as sabedorias milenares. As eternas jornadas do herói.

O que temos aqui? Quando surge um momento de crise – de dúvida, de questionamento, qualquer coisa – o que acontece?

O cérebro entende que o padrão habitual não dá mais conta. Então ele enfraquece os padrões anteriores. Isso gera uma janela de neuroplasticidade: se você souber aproveitar, aqui você vai poder construir coisas novas.

Repare: em momentos de dúvidas, também ficamos MUITO mais abertos a coisas novas.

Eu fiquei mais aberta a pensar fora da medicina quando entrei num burnout por excesso de trabalho, por exemplo. Precisava de outras coisas. Outras saídas.

Então vamos entrar nisso. Nessa janela de neuroplasticidade. Vamos resgatar aquele plano neurogenético perdido, que a natureza deixou em algum canto e… mudar.

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