O que são sonhos lúcidos (e o que a neurociência tem a dizer sobre eles)

Compartilhe esse texto via:

Existem diversos tipos de sonhos. Sonhos de cura, sonhos de alerta, sonhos premonitórios e por aí vai. Mas em termos de diferentes padrões de ativação neural, podemos dividir os sonhos em três grandes categorias.

O primeiro deles são os sonhos que você não sabe que está sonhando; esse é o sonho da maioria das pessoas. O segundo tipo é o sonho que você percebe que está sonhando, mas não consegue controlá-lo. Já o terceiro tipo é o sonho que você o controla.

E o que significa quando você consegue controlar o sonho? Por exemplo, você sabe que está sonhando, e fez o que queria no sonho. Isso é um “poder” especial ou perde a mensagem do inconsciente?

Ou, quem sabe, é um truque do inconsciente e, mesmo assim, é possível conseguir uma resposta? Conseguir ou não controlar os sonhos é só uma questão de evoluir para controlá-los?

Da forma como eu enxergo, esse tipo de sonho (os chamados sonhos lúcidos) é como se fosse uma “matéria” diferente, uma “outra aula”.

É como se tivéssemos as aulas de ouvir e aprender. E as aulas de praticar.

Os sonhos cheios de símbolos, que você nem sabe que está sonhando, é um “sente aqui e aprenda”. Costumam ser explicações, esclarecimentos, orientações.

Já os sonhos que você se dá conta que está sonhando, estão te dando um material energético para você mudar aquela situação de fato. Você muda a trama da sua vida no próprio sonho. Uau, né?!

Nos sonhos lúcidos, você está aprimorando habilidades, desenvolvendo dons. Daí a grande sacada é, antes de dormir, já ter certo com você o que você vai treinar.

Vou dar um exemplo que você vai pirar. Ele está no curso O Segredo dos Sonhos, se não me engano.

Uma paciente teve um relacionamento longo e intenso, com alguém de quem gostava muito. Mas pelo nível evolutivo dele não ser o mesmo que o dela, ela terminou a relação. Decidiu nunca mais vê-lo, para não ficar confusa novamente.

Pois bem, eles trabalhavam na mesma empresa, mas era uma multinacional enorme, departamentos e hierarquias diferentes. Nunca se viam.

Eis que minha paciente recebeu a notícia da chefe que teria uma reunião em que o departamento dele (e, portanto, ele) estaria presente.

Ela ficou abalada. E então nessa noite ela sonhou.

Ela e esse cara estão juntos no sonho. E, no final, ele entra no carro e abre a porta do passageiro para ela. Tipo um “vamos comigo?”.

Nesse momento, ela se dá conta que está sonhando. Fica balançada um pouco, mas diz que não irá entrar naquele carro.

Ao acordar de manhã, ela vê uma mensagem da chefe, dizendo que a reunião foi cancelada!

Esse tipo de sonho é muito conhecido pelos xamãs. A tradução seria algo como “teia mágica”. É um lugar intermediário da realidade, em que as decisões tomadas dentro do sonho têm uma repercussão imensa.

Neurologicamente, e essa parte me deixa besta, existe uma diferença importantíssima desse tipo de sonho em relação aos sonhos “comuns”.
Veja essa imagem aqui: 

Referência: imagem retirada deste estudo.

O nome desse exame é pet-scan. É injetado um isótopo radioativo ligado à glicose. As áreas cerebrais mais ativas “comem” mais glicose, e isso aparece no exame.

As áreas em vermelho são as que estão “comendo” muita glicose. Isso quer dizer que essas áreas estão super ativas. Em azul são as áreas que estão “dormindo”.

Pois bem, as duas imagens da linha três, em azul, mostram um cérebro que está tendo sonhos “comuns”. Área frontal de planejamento, decisões, atitudes e escolhas está inativa. Esse é o primeiro tipo de sonho.

Mas, opa, o que temos nas imagens da segunda linha? Um ponto vermelho no meio do azul! Quando isso aparece, sabemos que a pessoa entrou em sonho lúcido. Ou seja, ela sabe que está sonhando. A área de tomar decisões e traçar novos caminhos está ativa.

Essa área do pontinho vermelho (linha dois), especificamente, se chama córtex pré-frontal dorsolateral. É aqui que podemos chamar de “a casinha da força de vontade”.

Por exemplo, pessoas que vão se afundando em dependência química vão perdendo a ativação dessa área. Ela é surrealmente importante.

Veja, que o restante do cérebro na imagem da linha dois está em verde, uma atividade “intermediária”. Ou seja, as outras áreas do pré-frontal estão se preparando para seguir o que for decidido na bolinha vermelha.

Já o terceiro tipo de sonho é aquele que você controla tudo. O cenário, os movimentos, tudo, tudo. É outro tipo de “aula”. Aqui, você está, de fato, desenvolvendo habilidades.

Nesse caso, ativaria uma bolinha vermelha numa área chamada “área motora suplementar”. O cérebro se ativa como se você realmente estivesse se mexendo na vida real. Ela fica mais ou menos na altura da orelha.

Essas ativações de área motora suplementar durante o sono são poderosas. Se um músico sonha que está tocando piano, ele acorda sabendo tocar piano melhor do que quando foi dormir.

Isso é porque as frequências cerebrais no sono são muito lentas, então o cérebro está altamente sugestionável. Está no “ponto de bolo” perfeito para introduzir o domínio de uma nova habilidade rapidamente.

Isso não é fascinante?!

Para mim, aliar os estudos da neurociência com os aspectos sutis dos sonhos é fechar o quebra-cabeças. E perceber que o inconsciente tem muitos caminhos, sendo os sonhos um deles.

À medida que o seu conhecimento avança, o inconsciente vai te mandando sonhos mais complexos, porque ele quer te ensinar mais. Há mais coisas que você precisa aprender e compreender. E esse conhecimento dá um poder considerável.

Compartilhe esse texto via:

Inscreva-se na newsletter

Assine a minha newsletter e receba
conteúdos exclusivos por e-mail.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress